quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Crítica - Dragon Quest Heroes 2

Análise Dragon Quest Heroes 2


Review Dragon Quest Heroes 2
Quando joguei o primeiro Dragon Quest Heroes, uma mistura entre a jogabilidade de Dynasty Warriors e o universo da franquia Dragon Quest, não esperava que o resultado fosse ser tão divertido e que conseguisse mesclar tão bem os elementos basilares das duas franquias. Este Dragon Quest 2 segue o que tinha funcionado bem antes, tentando corrigir alguns problemas e adicionar novos elementos, embora as novidades nem sempre funcionem.

A trama é melhor elaborada em relação à narrativa simplória do primeiro. Aqui acompanhamos as tensões entre dois reinos vizinhos que são manipulados ao confronto por uma força sombria. É uma premissa bem típica de RPGs japoneses, mas é bem executada o suficiente para gerar uma interessante intriga palaciana e reviravoltas. Os novatos não precisam se preocupar, já que não é preciso ter jogado o primeiro para entender o que acontece aqui.

Assim como no anterior a trama também tem sua dose de senso de humor, em especial pelas interações divertidas entre os personagens de diferentes jogos da franquia Dragon Quest ou mesmo entre os dois protagonistas criados para este jogo. A dublagem é competente e ajuda a dar carisma e vivacidade a esses personagens. O mesmo pode ser dito do inconfundível visual concebido pelo venerável Akira Toriyama (o criador de Dragon Ball), que enche de personalidade os heróis, vilões e monstros que encontramos pelo caminho.

Diferente do primeiro game no qual a aeronave dos protagonistas funcionava como uma HUB na qual eram selecionadas as missões, aqui temos uma estrutura mais parecida com um mundo aberto, com várias áreas conectadas entre si que o jogador precisa explorar. Essas áreas são vastas e cheias de monstros para enfrentar além de alguns objetivos aleatórios que surgem de tempos em tempos como salvar alguém atacado por monstros ou eliminar alguma criatura poderosa. Entre uma área e outra estão as chamadas "zonas de guerra" (war zones) nas quais ocorrem as missões da história e são mais parecidas com os mapas lineares do primeiro jogo e a alternância entre espaços ajuda a tornar as coisas menos repetitivas. Além disso, as zonas de guerra oferecem mais possibilidades de interação com o cenário, com poças de óleo que podem ser incendiadas com magias de fogo ou cogumelos que podem ser destruídos para liberar uma nuvem de esporos soníferos.

As missões também são mais variadas em sua natureza. Se antes elas alternavam apenas entre os objetivos de matar todos os inimigos e proteger alguém ou alguma coisa, aqui os personagens tem mais o que fazer. De procurar uma criatura transmorfa escondida em uma cidade a fugir furtivamente de uma prisão, as missões principais conseguem encontrar meios de não tornar tudo maçante. Há algumas missões secundárias, mas essas são típicas fetch quests, normalmente pedindo para matar uma determinada quantidade de um monstro específico ou coletar determinados itens, mas servem como meio para evoluir seus personagens.

O jogo mantêm as mecânicas de RPG do anterior, com os personagens subindo de nível, pontos de habilidade a serem distribuídos e equipamentos a serem adquiridos. Uma nova mecânica é a da proficiência com armas. Quanto mais dano um personagem causa usando um determinado tipo de arma, mais ele ganha proficiência com ela e assim obtêm novas habilidades e alguns bônus de atributo para si e para o restante do grupo. Outra adição é a possibilidade de trocar a classe dos dois protagonistas, alterando suas habilidades de combate e as armas que eles podem equipar, mas o jogo nunca te dá motivos reais para explorar as várias classes e não há muita recompensa em ser multiclasse exceto por alguns pequenos bônus de atributo que não justificam o tempo necessário para obtê-los.

O elenco do jogo é amplo e traz alguns personagens do game anterior, como Kiryl e Terry, além de alguns novos como Desdemona e Torneko. Como em um típico RPG é importante saber equilibrar a formação do grupo que você leva para as missões, trazendo personagens capazes de desempenhar funções diferentes no combates. As lutas continuam ágeis e espalhafatosas, com os personagens enfrentando centenas de inimigos e usando ataques especiais exagerados que eliminam dezenas de criaturas com um golpe só. A sensação de poder e grandiloquência experimentada ao correr por um campo de batalha exterminando exércitos inteiros é inegável e a variedade de personagens dá ao jogador diferentes ferramentas para caçar monstros. Isso sem mencionar a possibilidade de jogar online com até três outros jogadores e cooperar com os amigos para dizimar monstros e superar algumas dungeons opcionais voltadas para o multiplayer é bem divertido.

As monster medals que permitem invocar temporariamente criaturas derrotadas retornam do primeiro jogo com algumas novidades, mas elas soam como um passo para trás ao invés de para frente. Antes tínhamos praticamente duas "classes" de monstro, uma que ficava no mapa ajudando o jogador a enfrentar os inimigos e outros que faziam uma ação (ataque, cura, buff ou debuff) e desapareciam. Agora temos um novo tipo de monster medal que permite ao jogador se transformar temporariamente em monstros derrotados. Boa parte dos monstros mais poderosos, que antes funcionavam como bons companheiros de combate, como o Golem agora se tornam transformações e isso os torna bem menos úteis. Eles se movem mais devagar e seus ataques são lentos e não causam um dano muito mais dano em relação ao que fazem seus personagens e assim a maioria dessas transformações acaba sendo um desperdício de tempo.

Mesmo com alguns defeitos, Dragon Quest Heroes 2 é uma continuação competente que conquista pelo seu espalhafatoso combate, exploração e personagens carismáticos.


Nota: 8/10

Obs: O jogo está disponível para PS4 e PC

Trailer

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