sexta-feira, 7 de julho de 2017

Crítica - Castlevania: 1ª Temporada

Análise Castlevania: 1ª Temporada


Review Castlevania: 1ª Temporada
Confesso que fui pego de surpresa com o anúncio de que a Netflix faria uma série animada baseada na famosa série de games Castlevania e me aproximei dessa primeira temporada sem saber o que esperar. O resultado me surpreendeu positivamente pela construção de um universo implacável e por não economizar na violência.

A trama se passa na Valáquia (uma região que hoje faz parte da Romênia) do século XV. O conde Vlad Drácula Tepes (voz de Graham McTavish) se apaixona por uma mulher humana e decide viver ao lado dela como humano. Durante uma de suas viagens, sua esposa acaba capturada pela Igreja e queimada como bruxa por acharem que seu conhecimento científico era feitiçaria. Isso desperta a ira de Drácula, que decide convocar um exército de demônios para eliminar a raça humana. O único que talvez possa impedi-lo é Trevor Belmont (voz de Richard Armitage), o último de uma linhagem de caçadores de monstros que agora vagueia a esmo pela Valáquia depois que sua família perdeu tudo e foi considerada herege pela Igreja.

Apesar de aparecer pouco, a trama consegue dar uma motivação convincente ao Drácula, fazendo do personagem uma figura marcada pela tragédia e que inevitavelmente viu o pior da humanidade apesar de suas tentativas de ver algo de positivo em nossa espécie. A jornada do vilão de algum modo espelha a do herói, já que assim como o vampiro, Trevor Belmont também perdeu tudo graças à intolerância e o ódio das pessoas.

O visual dos ambientes e dos personagens remete com fidelidade ao estilo dos jogos que muitas vezes combinam uma estética gótica medieval com visuais típicos de anime como os cabelos pouco práticos e espetados dos personagens. A Valáquia da trama é apresentada como um lugar hostil, com a população local literalmente entre a cruz e a espada, tendo que lidar tanto com a opressão e repressão da Igreja quanto com os demônios, criando um clima de ameaça constante.

A trama demora um pouco de engrenar, com os dois primeiros episódios servindo como uma grande apresentação de como aquele universo funciona e quem são aqueles personagens para só então mover efetivamente a trama adiante de modo significativo. Quando a coisa pega ritmo, embarca sem medo naquilo que os fãs do jogo estão acostumados, lutas contra demônios e catacumbas cheias de armadilhas.

As cenas de ação remetem a elementos dos jogos como o uso de água benta para eliminar os monstros e o fato do chicote de Belmont fazer as criaturas explodirem (a narrativa explica isso), rendendo alguns embates empolgantes, especialmente a luta entre Trevor e Alucard (James Callis). Elas também não economizam na violência, não exibindo nenhum pudor em mostrar sangue, desmembramentos e tripas voando para todos os lados conforme os demônios dilaceram os seres humanos. Ocasionalmente, no entanto, os movimentos dos personagens parecem um pouco truncados durante os combates, como se faltassem alguns quadros de animação para fazerem sua movimentação parecer devidamente fluida.

Outra questão é a inconstância dos sotaques dos personagens. Como a trama se passa em uma única região e todos são do mesmo lugar é um pouco esquisito que muitos falem em um claríssimo sotaque britânico enquanto outros tenham um forte sotaque de leste europeu. Apesar desse incômodo, o trabalho de voz tende a ser convincente, com destaque para a composição de Richard Armitage como Trevor, adotando uma dicção levemente arrastada e embolada para denotar o constante estado alcoólico do caçador de vampiros.

Assim, a despeito de alguns problemas, a primeira temporada de Castlevania serve como um começo promissor para a saga de Trevor Belmont, estabelecendo o universo e os personagens para os conflitos que estão por vir.


Nota: 7/10

Trailer

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