terça-feira, 4 de abril de 2017

Crítica - Smurfs e a Vila Perdida

Análise  Smurfs e a Vila Perdida


Review  Smurfs e a Vila Perdida
Quando uma narrativa permanece por muito tempo no imaginário popular é inevitável que alguns de seus atributos comecem a soar datados ou anacrônicos com o passar do tempo. A cultura se transforma, o olhar sobre certas coisas muda, as preocupações de cada tempo também. Esse Smurfs e a Vila Perdida tem como principal gancho a necessidade de atualizar algumas coisas da mitologia desses personagens e é essa decisão que eleva o filme acima do banal.

A narrativa é focada na Smurfette, que tenta encontrar seu próprio talento ou habilidade que a torne única entre os outros smurfs além do fato de ser a única menina da vila. Também busca um propósito para si, já que diferente dos outros, ela fora originalmente criada pelo bruxo Gargamel para ajudá-lo a capturar os smurfs, mas acabou se integrando às criaturinhas. Sua oportunidade vem quando ela descobre que existem outros smurfs além daqueles que habitam em sua vila e, com o auxílio do Gênio, do Robusto e do Desastrado, parte para tentar encontrar a vila antes que o Gargamel o faça.

Sempre definida meramente por seu gênero e por noções antiquadas ligadas ao feminino, é louvável que o filme pegue uma personagem que estava ali para só para ser bonitinha e se esforce para lhe dar uma personalidade. Se antes parecia que a Smurfette parece encapsular que existia um único modelo ou ideia do que é ser uma garota, aqui o filme deixa claro que ela é muito mais que seu gênero, tendo seus próprios talentos, habilidades e personalidade. A decisão de fazer que vila perdida seja toda composta por smurfs femininas ajuda a reforçar a ideia de que não há um molde único ao qual todas as mulheres precisam se conformar e que basicamente toda garota pode ser o que ela quiser. Além disso, o filme também lida com todas os temas que tratam a maioria dos filmes infantis, como a importância da amizade e cooperação e o respeito às diferenças, lembrando que todo mundo tem o seu valor.

As criaturinhas azuis são fofas como sempre e o vilão Gargamel é divertidamente trapalhão, mas mesmo com o curto tempo de projeção as gags cômicas baseadas quase que exclusivamente em um humor físico pastelão começam a soar cansativas e repetitivas. Falta também ritmo e dinamismo à trama, já que todo o miolo do filme consiste apenas dos smurfs andando e encontrando algum obstáculo aleatório pelo caminho, dando a impressão de que o filme não tem material suficiente para sustentar a duração e precisou forçar a barra para atingir a minutagem suficiente de um longa metragem.

O design de produção é bem vívido e colorido, investindo na criação de criaturas exóticas e algumas delas conquistam simplesmente pela fofura, como o coelho que brilha no escuro. É tudo bem simpático e carismático, ainda que não tenha nada que chegue a realmente nos deslumbrar (ao menos não a um adulto), nem entregue algo que nunca tenhamos visto.

Confesso que fui ver esse Smurfs e a Vila Perdida sem esperar muitas coisa (principalmente considerando o desastre que foram os dois filmes com atores), mas me surpreendi positivamente com sua verve revisionista, que usa a Smurfette para lidar com noções de representação feminina, e confere personalidade a uma personagem que existia apenas para ser bonitinha. A despeito de suas boas intenções, no entanto, o filme sofre por sua falta de ritmo e pela repetição de piadas.


Nota: 5/10

Trailer

Um comentário:

Pau Kuri disse...

Eu amo o Smurfette. ❤️ Criados na Bélgica no final dos anos 50, Os Smurfs foram realmente ganhar o mundo três décadas depois, com a realização de uma série animada (1981-1990). Ao longo dos anos, algumas tentativas de levar os personagens para a tela grande foram pensadas, mas quase nenhuma saiu da gaveta. Até que em 2011 nasceu Os Smurfs, que foi seguido por Os Smurfs 2 dois anos depois. Felizmente, a Sony decidiu deixar de lado as caras conhecidas e o cinema de live-action e investir num filme 100% animado. Nasceu assim Os Smurfs e a Vila Perdida. Ingênuo e bem intencionado, o novo longa é superior às tentativas anteriores e tem tudo para funcionar bem com o público infantil. A animação é de boa qualidade e há um trabalho importante na construção de um universo multicolorido, atrativo para olhos mais novos.