quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Reflexões Boêmias - Piores Filmes de 2016



Final de ano chegando e hora de fazer o balanço do passou. Com o cinema não é diferente e essa é a época de relembrar o que teve de bom ao longo do ano, mas também o que teve de muito ruim. Como prefiro dar primeiro as más notícias, começarei com a listas de piores. Então vamos às experiências mais dolorosas e insuportáveis que tive dentro de um cinema este ano. Logicamente, levei em conta apenas o que foi lançado comercialmente no Brasil ao longo de 2016, seja para cinema ou direto para home video (DVD, Blu-Ray, serviços de streaming como a Netflix). 



Uma história real que poderia render um filme relativamente interessante sobre amor familiar e aproveitar a vida ao máximo é reduzido a um relato mais hagiográfico do que biográfico. Com um maniqueísmo simplório, uma narrativa sem ritmo, que não só demora a engrenar como faz a narrativa parecer mais longa do que realmente é, e uma direção que parece mais preocupada em forçar seu público a chorar do que tecer uma trama interessante.

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O primeiro Truque de Mestre (2013) já não era lá grande coisa, mas essa continuação parece querer fazer tudo ainda maior e mais exagerado, jogando uma reviravolta atrás da outra na esperança de que o público não perceba que nada daquilo faz muito sentido. O pior é que a narrativa não só é alheia à própria estupidez e artificialidade, se julgando muito mais inteligente do que realmente é, como também trata o público como idiota e incapaz de perceber os muitos mistérios e reveses óbvios, telegrafados com extrema clareza e antecedência.

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Vinte anos depois do original, este Independence Day: O Ressurgimento não passa de uma reciclagem preguiçosa de um monte de ideias velhas e sem personalidade, prejudicada ainda por um elenco sem carisma ou cuja graça já se perdeu há muito tempo (Jeff Goldblum interpretando a si mesmo já tinha se tornado cansativo no fim dos anos 90). As cenas de destruição são a mesma computação gráfica genérica que boa parte dos filmes catástrofe apresenta e seria possível trocá-las por praticamente qualquer outras da filmografia do diretor Roland Emmerich que ninguém notaria a diferença.

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Nenhum filme simboliza melhor a expressão "chutar cachorro morto" na minha memória recente do que este. Sem ter para onde ir criativamente, o filme apenas encadeia uma série de gags e piadas batidas sem qualquer lógica, coesão ou interesse de formar um trama minimamente interessante. Nem mesmo o esquilo Scrat faz rir como antes.

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"Nossa Assassino à Preço Fixo (2011) é tão bom e singular que mal posso esperar por uma continuação" disse ninguém em lugar nenhum e momento algum do tempo. Mesmo sem ninguém pedir nem querer e o desfecho do primeiro não deixar nenhum grande gancho essa continuação foi feita de algum modo e o resultado é um roteiro inexistente, uma atuação no piloto automático do habitualmente carismático Jason Statham, cenas de ação sonolentas e efeitos especiais tão ruins que parecem saídos de algo feito há mais de duas décadas atrás.

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Cinquenta Tons de Cinza (2015) já era involuntariamente hilário de tão ruim, então não faz muito sentido fazer graça em cima de algo que originalmente provocava risos (ainda que não intencionais). Para piorar, lançar esse tipo de filme um ano depois de seu "filme-base", significa que boa parte das piadas já foi feita por programas de humor, blogs, canais de Youtube, Honest Trailers e outras plataformas. Assim o filme já chega nos cinemas com gosto de comida velha, requentando piadas que todo mundo já viu e não fazendo nenhum esforço para ir além do que já foi dito.

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Clone safado de O Sexto Sentido (1999), esse filme estrelado por Adrien Brody acompanha um psicólogo que aparentemente começa a "ver gente morta". Cheio de sustos gratuitos e previsíveis (que nunca funcionam) feitos para compensar uma trama com mais buracos do que uma rodovia brasileira, ainda traz Brody em uma performance tão desinteressada que parece prestes a dormir em cena à qualquer momento.

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Mais uma "comédia" de Adam Sandler na qual ele exercita seu humor estilo "ofensas de playground", cujas piadas se resumem a apontar para alguém e dizer algum xingamento gratuito, normalmente de cunho preconceituoso, ou alguma escatologia desprovida de contexto narrativo. Ainda pesa a mão na misoginia, com todas as mulheres sendo ou megeras manipuladoras ou meros objetos sexuais. Sandler parece miserável em cena, sem energia ou empolgação e as cenas de ação são jogadas à esmo na tela.

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O "comediante" Rodrigo Sant'anna é praticamente uma versão brasileira de Adam Sandler. Seu humor não passa de uma reprodução de preconceitos anacrônicos e ofensas infantis sem qualquer esmero ou criatividade. É tipo aquele seu tio-avô metido a comediante que faz sempre as mesmas piadas velhas em todo almoço de domingo e se acha super engraçado, sem perceber que não passa se um sujeito antiquado e preconceituoso.

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Eu demorei um tempo para decidir qual dos filmes do top 3 ficaria na primeira posição. O que desempatou foi o fato de que, bem, dos dois anteriores ninguém espera muita coisa. Por outro lado, espera-se que um remake de um dos mais icônicos filmes já feitos ao menos se esforce para ser bom, mas este Ben-Hur sequer parece estar tentando. O problema nem é só o texto ruim, cheio de furos, a direção exagerada e sem sutileza ou o protagonista que é mais sem graça do que uma salada de chuchu com pepino. Além de tudo isso Ben-Hur fracassa em quesitos que uma produção de 100 milhões não tem o direito de errar. Do figurino "de época" que parece comprado em uma loja de grife (e com costuras industriais ocasionalmente aparentes), Morgan Freeman com uma peruca de dreadlocks mais falsos que moeda de três reais, penteados com topetes cheios de gel para dar um visual brega de "bad boy de butique" (nem mesmo o 300 de Zack Snyder, que não tinha nenhum compromisso com a fidelidade histórica tinha algo assim), sem mencionar a computação gráfica ruim (a corrida de bigas é uma bagunça de efeitos ruins, câmera tremida e montagem epilética). Tudo isso dá a impressão de que estamos diante de alguma novela bíblica da Record e não um blockbuster de alto orçamento.

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Menções "honrosas":




Bem, é isso, essa foi minha tentativa de elencar os piores entre os piores que passaram por mim neste ano. E para você, quais foram os piores filmes a passarem pelas nossas telas em 2016?

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