quarta-feira, 22 de julho de 2015

Crítica - A Forca


Antes mesmo de estrear, o filme A Forca já tinha chamado a atenção da internet com o viral "Charlie Charlie", uma estratégia que já tinha sido adotada por praticamente todos os filmes de terror com esse formato de "falso-documentário" desde o sucesso de A Bruxa de Blair (1999). Se em A Bruxa de Blair a farsa conseguiu se manter por tempo considerável, já que era uma época anterior às redes sociais e a internet ainda estava começando a se difundir (e o filme era diferente do que o gênero produzia então), hoje o público já está mais do que acostumado com esse tipo de artifício. Apesar de ser uma forma barata de se divulgar um filme (o público o divulga voluntariamente), o engodo já não convence como antes. Quando nos deparamos com esse tipo de farsa, já sabemos de antemão que ela será usada para mascarar um produto fundamentalmente pobre e A Forca lamentavelmente não é uma exceção a essa regra.

Na trama acompanhamos um grupo de adolescentes na véspera da estreia da peça de teatro que dá nome ao filme e que anos antes levou um aluno a morte durante a cena da forca. Na noite antes da estreia, três deles invadem a escola para destruir o material do cenário e impedir sua realização. No entanto, coisas estranhas começam a acontecer e os jovens passam a imaginar que os boatos sobre o fantasma de Charlie, o garoto morto, podem não ser completamente mentira.

É um típico slasher movie no qual o monstro vai eliminando um a um os personagens, mas o problema de A Forca é menos sua adesão às convenções do gênero e mais o modo rasteiro e preguiçoso com o qual tudo é conduzido. Os personagens são completamente vazios sem nenhum traço de personalidade digno de nota. Não apenas o filme falha em despertar qualquer empatia ou torcida por eles como também não nos consegue nos dar qualquer satisfação com a eliminação deles, simplesmente não nos importamos.

O filme também fica preso ao formato de found footage o tempo todo, o que gera situações que não fazem muito sentido. Afinal, se os personagens vão destruir propriedade da escola, não faz muita lógica que eles se filmem fazendo isso, já que estariam produzindo evidências contra si mesmos. Além disso, não há muita coisa que justifique essa opção estilística além do baixo orçamento, já que ele poderia tranquilamente ser filmado de modo tradicional sem que nada fosse alterado.

A principal falha, no entanto, é que ele jamais consegue criar a atmosfera de medo ou tensão que se espera de um filme de terror. Aqui e ali o filme joga alguns sustos súbitos (ou jump scares), mas eles são praticamente telegrafados ao público e sem surpresa não há susto. Basicamente toda vez que a câmera fica parada por um tempo ou as coisas ficam muito silenciosas, sabemos que algo irá surgir das sombras ou pular na direção da tela e uma vez percebido esse padrão que irá se repetir pelo filme inteiro, tudo se torna um enfadonho exercício de paciência. Na verdade, o único momento genuíno de medo experimentado por mim foi quando olhei o relógio do meu celular e notei que tinham se passado apenas 38 minutos, me fazendo perceber que ainda teria de aguentar essa produção sofrível por mais uma hora.

Tudo isso culmina em um final com algumas reviravoltas previsíveis e outras que não fazem o menor sentido. Afinal, se estávamos diante de um fantasma onipresente porque ele precisaria de comparsas humanos? E não faz muito sentido que uma assombração repleta de ódio tenha esperado anos para se vingar daquele que julga culpado matando seu parente, quando ele poderia ter diretamente matado o alvo de seu ódio. A sensação é que os realizadores não pensaram muito a respeito do universo que estavam concebendo e resolveram deixar pra lá as pontas soltas, torcendo para que o filme fizesse sucesso e aí então pensar em uma solução, algo que não é exatamente exclusivo de filmes de baixo orçamento, já que os realizadores de O Exterminador do Futuro: Gênesis basicamente fizeram o mesmo.

Assim sendo, A Forca é um produto mal conduzido, mal atuado e mal escrito,  sendo tão ruim que não serve nem como comédia involuntária.

Nota: 1/10

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