quarta-feira, 13 de maio de 2015

Crítica - Mad Max: Estrada da Fúria


Análise Mad Max: Estrada da Fúria

Review Mad Max: Estrada da Fúria
Com tantos remakes e continuações de antigos pipocando ultimamente nos cinemas, estava difícil ficar empolgado com este Mad Max: Estrada da Fúria, já que a grande maioria destes produtos fica muito aquém do original. Isto, no entanto, não é o caso deste filme, que entrega uma insana e intensa em jornada em um mundo cuidadosamente bem concebido.

Acompanhamos Max (Tom Hardy, herdando o papel que foi de Mel Gibson) tentando sobreviver em um hostil deserto pós-apocalíptico enquanto é assombrado por problemas do passado. Os problemas começam quando o personagem é capturado e inadvertidamente arrastado para uma perseguição à Imperatriz Furiosa (Charlize Theron) que está em fuga depois de ter libertado e levado consigo as "esposas" de um poderoso líder tribal e religioso, algumas das poucas mulheres ainda capazes de gerar filhos saudáveis. Cabe a Max ajudá-las enquanto luta pela própria sobrevivência.

A verdade, porém, é que este é muito mais um filme da Furiosa do que de Max, já que é o conflito da personagem e o desenvolvimento de seu arco dramático que guia a narrativa. Isso não chega a ser um problema, já que Theron tem uma presença imponente e constrói a personagem como uma pessoa endurecida depois de anos de abuso e disposta a arriscar tudo para reparar seu mundo, tornando-a uma das melhores heroínas de ação a aparecer nas telas em muito tempo e não deve nada a personagens icônicas como Sarah Connor e Ellen Ripley. Já Max, que passa uma porção do filme amarrado e preso a uma máscara, é um sujeito que passou tanto tempo sozinho e lutando para sobreviver que foi reduzido a quase um animal e Tom Hardy convoca isso muito bem ao fazer o personagem se comunicar basicamente por grunhidos e por frases curtas e objetivas, quase como se ele tivesse esquecido como falar com as pessoas e se importasse apenas com se manter vivo.

A história é relativamente simples, em alguns momentos previsível, mas surpreendente em outros, além de um interessante subtexto de desconstrução de uma sociedade patriarcal. O que se destaca, entretanto, é o cuidado com o qual George Miller (responsável pelos três filmes anteriores) constrói seu universo. Há algo de único em sua sociedade pós-apocalíptica, das máscaras dos líderes tribais, passando pelos veículos de guerra e até uma espécie de "trio elétrico" flamejante, tudo soa interessante, insólito e coeso com a ambientação pretendida. Afinal, as roupas, veículos e até aspectos da cultura (como o fato de volantes serem objetos de idolatria) ajudam a entender como este é um lugar completamente insano e hostil no qual a sobrevivência é uma batalha a ser travada a cada instante e cada recurso, de água a gasolina, é completamente precioso. A fotografia enche as paisagens de cores quentes e saturadas, dando uma impressão de um intenso e incessante calor no interminável deserto.

Essa atmosfera de constante perigo e incerteza ajudam a tornar mais intensas as cenas de ação que ocupam a maior parte do filme e elas são ainda mais insanas, violentas e grandiosas do que os trailers dão a entender. Grande parte disso deve-se também ao fato de Miller preferir filmar o máximo possível com efeitos práticos, veículos e dublês ao invés de apelar o tempo todo para a computação gráfica, tornando tudo ainda mais crível e carregado de energia, pois vemos claramente que são pessoas de verdade ali em meio a todo o caos. Tudo isso filmado em planos longos, que estabelecem os espaços da ação e desenvolvem tudo de forma coesa.

Assim sendo, este Mad Max: Estrada da Fúria é uma intensa, insana e veloz perseguição, beneficiada por bons personagens e uma ambientação bem construída.

Nota: 9/10  

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