terça-feira, 3 de março de 2015

Crítica - Simplesmente Acontece


Vou ser bem sincero, Simplesmente Acontece não é um filme que vai mudar sua vida, não é um filme que vai te fazer repensar a natureza do amor ou dos relacionamentos, não traz nada que você já não tenha visto e dificilmente irá te surpreender. No entanto, vai conseguir te envolver e te divertir e depois te mandar para casa com um sorriso no rosto. Pode não ser a mais nobre das pretensões para uma obra de arte, mas pelo menos consegue ser um passatempo simpático.

A trama acompanha os amigos Rosie (Lily Collins) e Alex (Sam Claflin), amigos desde pequenos, através de suas desventuras amorosas enquanto vão percebendo que talvez devessem ser mais do que amigos, embora sempre aconteçam coisas para afastá-los.

A história não tem exatamente nada de novo e é possível prever cada desdobramento e reviravolta bem antes que elas aconteçam. A gravidez imprevista, a carta não lida, o cônjuge traidor, todos os obstáculos já foram usados incansáveis vezes pelas comédias românticas e o filme não se arrisca nem um pouco em sair de seus lugares-comuns.

O que impede que tudo se torne um aborrecido são os dois atores principais que criam uma dinâmica convincente entre os dois personagens e nos deixam claro o afeto e carinho que há entre eles e que resiste ao tempo e distância. Assim sendo, o romance, o drama e a emoção fluem de modo bastante genuíno e o filme nunca parece estar pesando a mão ou forçando a barra para nos emocionar com sua história. A relação de Rosie com a filha também é bastante orgânica e sincera, embora também não deixe da abordar todos os clichês que os filme do gênero costumam trazer, como a cena em que ela aprende a andar de bicicleta ou os conflitos da adolescência. O mesmo pode ser dito de Ruby (Jaime Winstone) que, apesar servir perfeitamente ao clichê da melhor amiga esquisita/alternativa, o faz sem exageros ou parecer caricata demais.

O filme ainda se beneficia pelo timing cômico de seus atores e das cenas criadas, que mesmo insólitas jamais soam demasiadamente forçadas ou inverossímeis. Como o momento em que Rosie fica com uma camisinha perdida em seu corpo ou quando fica presa na cama. O uso da música, também adiciona um pouco de charme e carisma à fita com seus vários sucessos pop, desde o preciso uso da canção Fuck You de Lily Allen à nostalgia das músicas que aparecem durante a juventude dos personagens no início do filme.

Simplesmente Acontece pode não ser original e certamente é cheio de lugares-comuns, mas é sincero em suas intenções e funciona como um passatempo despretensioso justamente por essa leveza e pelo carisma de seus protagonistas.


Nota: 6/10

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