quarta-feira, 29 de maio de 2013

Crítica – Se Beber, Não Case! Parte III

O primeiro Se Beber, Não Case! (2009) fez um enorme sucesso graças a seu humor ácido e escrachado, além de situações absurdas com uma enorme criatividade para o nonsense. O segundo filme, por sua vez acabou não sendo nada mais do que um arremedo do original, eliminando a criatividade em virtude de uma repetição da fórmula do anterior. Assim chegamos a este Se Beber, Não Case! Parte III, que apresenta o fim da “trilogia” e, ao contrário do que sugere o péssimo título nacional, não é centrada em nenhum casamento.
A trama é centrada em Alan (Zach Galifianakis), cujo comportamento imaturo e irresponsável começa a afetar sua família e leva seu pai (Jeffrey Tambor) a um infarto depois de uma hilária cena envolvendo a morte de uma girafa. Como se recusa a tomar sua medicação ou se submeter a qualquer tratamento, sua mãe pede a intervenção da “matilha de lobos” e assim Stu (Ed Helms), Phil (Bradley Cooper) e Doug (Justin Bartha) são chamados a convencê-lo de ir para uma clínica no estado do Arizona. Os problemas surgem quando o grupo é interceptado durante o trajeto pelo traficante Marshall (John Goodman) que pede ao grupo para encontrar o Sr. Chow (Ken Jeong) e recuperar o ouro que ele lhe roubou. Assim, o grupo começa mais uma jornada que, dessa vez, vai do México a Las Vegas.
Primeiramente é bom ver que o filme não se mantem preso ao formato dos anteriores, dessa vez não tem casamento ou amnésia, por outro lado o Doug é novamente deixado de fora da ação ao ficar cativo de Marshall como “garantia” de que trarão Chow de volta. Uma pena, pois o personagem de Justin Bartha podia trazer uma nova dinâmica ao grupo, que continua funcionando da mesma forma de antes. Alan age de forma imatura e sem sentido enquanto Stu fica histérico e Phil tenta resolver tudo.

domingo, 26 de maio de 2013

Crítica – Fuga do Planeta Terra

Toda a ideia de Fuga do Planeta Terra parecia mais uma dessas animações genéricas e derivativas feitas por executivos de estúdio para lucrar mais alguns tostões em cima do público infantil. Não há nada realmente novo no filme, desde a premissa de ETs bonzinhos que caem na Terra e são perseguidos pelos militares, passando pelos próprios personagens que lembram um pouco as criaturas vistas em Monstros vs Alienígenas (2009). Porém, o filme compensa suas previsibilidades com bons diálogos a algumas situações bem criativas.
A história é centrada em Scorch Supernova (Brendan Fraser) um alien tratado como um herói em seu planeta que realiza grandes feitos com a ajuda de seu irmão nerd Gary (Robb Coddry), a quem nunca dá crédito para seu sucesso. Quando surge a oportunidade de uma missão no temível “Planeta Negro” do qual nenhuma forma de vida jamais retornou, Scorch aceita a ideia sem problemas, mas seu irmão objeta, afirmando que é perigoso demais. Claro, como o sujeito orgulhoso que é Scorch desconsidera o irmão, afirmando que este é apenas um apertador de botões, e parte para o temível planeta que, obviamente, trata-se do nosso planetinha azul. Chegando aqui é feito refém pelo megalomaníaco general Shanker (William Shatner, o eterno capitão Kirk) e cabe a seu irmão vir até a Terra para resgatá-lo.
A partir daí torna-se evidente que teremos todas aquelas lições de vida sobre união familiar e trabalho em equipe que se apresenta em boa parte das animações destinadas ao público infantil. Não é exatamente uma novidade e tudo ocorre exatamente como esperamos, mas é tudo tão bem costurado e pontuado por um humor muito bem eficiente que acaba nos distraindo dessa previsibilidade.

Crítica – Além da Escuridão: Star Trek

Com Star Trek (2009) o diretor J.J Abrams conseguiu trazer de volta aos cinemas a famosa franquia de ficção científica que estava distante das telas desde o fracasso de Nêmesis (2002), trazendo um novo fôlego e um novo olhar a estes personagens tão queridos e interessantes sem se esquecer de suas origens. Pois bem, este Além da Escuridão: Star Trek (a colocação bizarra do subtítulo na frente do título é culpa da distribuidora brasileira e não minha) é um capítulo igualmente sólido da franquia que traz novas dinâmicas aos seus personagens sem se esquecer de suas origens e o que fez a série original ser tão memorável.
O filme já começa movimentado com os integrantes da Enterprise tendo que salvar um planeta primitivo da ação de um vulcão que pode destruir toda vida que há nele. No curso da ação Kirk (Chris Pine) ignora os regulamentos de não-interferência da Federação e empreende um plano arriscado para conter o desastre. O capitão é então chamado de volta para Terra para prestar contas sobre suas ações ao almirante Pike (Bruce Greenwood) quando um ataque terrorista perpetrado pelo ex-oficial John Harrison (Benedict Cumberbatch) coloca a Frota em alerta. Cabe então a Kirk, Spock (Zachary Quinto) e o resto da Enterprise deterem o vilão.
Assim como no longa anterior são as relações entre os personagens que movem o filme e são elas que nos deixam engajados na trama e boa parte do mérito reside no talentoso elenco. As composições de Quinto e Pine dão várias camadas de nuances a Kirk e Spock e os dois atores exibem uma sinergia que torna a relação entre eles bastante orgânica e verossímil.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Crítica – Velozes e Furiosos 6

A franquia Velozes e Furiosos nunca foi lá grande coisa, é verdade, mas lá pelo terceiro ou quarto filme tudo já parecia repetitivo e cansativo, não havendo motivo outro senão o lucro para continuar com a franquia. O respiro veio com Velozes e Furiosos 5 (2011) que despontou como o melhor exemplar da franquia ao abandonar o elemento dos rachas de rua, se tornando um filme de ação que assumia um caráter absurdo, exagerado e despretensioso. A adição de Dwayne “The Rock” Johnson ao elenco também ajudou a alavancar a franquia, já que o ator é bem mais carismático do que Vin Diesel e Paul Walker e, como apontei em meu texto sobre G.I Joe Retaliação, sabe muito bem como construir um brucutu canastrão e divertido.
Pois bem, este novo capítulo da franquia traz o agente Hobbs (The Rock) perseguindo um grupo de ladrões motorizados liderados pelo mercenário Shaw (Luke Evans) que estão roubando tecnologia militar. Incapaz de enfrentar os ladrões por conta própria, precisa recorrer a Dom (Vin Diesel), Brian (Paul Waker) e sua equipe para deter os criminosos. A trupe de foras-da-lei tem um motivo especial para ajudar, pois aparentemente Letty (Michelle Rodriguez), ex-namorada de Dom dada como morta no quarto filme, está auxiliando Shaw em seus audaciosos roubos.
O filme já deixa claro seu comprometimento com o exagero e absurdo desde as primeiras cenas, quando vemos Hobbs “interrogando” um membro da gangue de Shaw preso em Londres. O verbo está entre aspas, pois o que de fato acontece é que Hobbs simplesmente enfia a porrada no meliante, arrebentando-o e destruindo a sala de interrogatório no processo. Lógico que se isso acontecesse em um universo minimamente verossímil a prisão seria invalidada e o policial perderia o emprego e responderia a um processo criminal por tortura, mas Velozes e Furiosos 6 não possui qualquer compromisso com verossimilhança e sim com a ação brucutu estupidamente elevada aos limites do exagero, atingindo uma condição quase que cartunesca.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Crítica – Searching For Sugar Man

Todos sabemos que a música (assim como o cinema) é ao mesmo tempo uma arte e um negócio, uma indústria. Assim, não é difícil imaginar que muitas vezes o lado industrial pode tomar precedência do lado artístico e que muitas vezes artistas talentosos são deixados de lado por não serem vendáveis. Então, qual seria a sensação de saber que um nome incrivelmente promissor e bem avaliado pelos críticos foi relegado ao esquecimento? Pior, como reagiríamos ao saber que em virtude desse fracasso comercial e perda de oportunidades, perdemos um grande músico?
São algumas dessas perguntas que o filme Searching For Sugar Man, vencedor do Oscar 2013 como Melhor Documentário, tenta responder. A obra inicia com o depoimento de Stephen “Sugar Man” Segerman, dono de uma loja de discos na Cidade do Cabo, África do Sul. O comerciante conta que seu apelido veio da música homônima de autoria do músico norte-americano Rodriguez e que durante muito tempo procurou, sem sucesso, informações sobre o artista e tudo que descobrira foi que, após ser demitido por sua gravadora, ele teria se matado no palco, durante uma apresentação.
É a história da busca empreendida por Stephen e um amigo jornalista que diretor Malik Bendjelloul retrata aqui. O objetivo entender o que de fato aconteceu com Rodriguez, cujas letras e estilo folk remetem à Bob Dylan, e como ele se tornou incrivelmente conhecido na África do Sul, mas é solenemente desconhecido no resto do mundo, incluindo os Estados Unidos.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Crítica - 2 Mais 2

Análise 2 Mais 2


Review 2 Mais 2
Apesar de tudo, sexo ainda é um tema tabu em nossa sociedade, principalmente as práticas sexuais que vão de encontro às noções mais tradicionais de família. Dentre estas temos o swing, ou simplesmente troca de casais, e é sobre isso que trata a comédia romântica argentina Dois Mais Dois.

A história é centrada em Diego (Adrian Suar) e Emília (Julieta Diaz), um casal na faixa dos quarenta com um filho adolescente e que vê esfriar a sua vida a dois. Uma alternativa surge quando um casal amigo, Ricardo (Juan Minujin) e Betina (Carla Peterson), assume ter reacendido a chama da relação através da prática do swing e que esta poderia ser uma alternativa para eles.

É interessante como o filme vai inicialmente contrapondo as ações dos dois casais, revelando a oposição direta entre eles. Enquanto Betina e Ricardo se beijam loucamente com línguas para todos os lados, Diego apenas beija timidamente o ombro de Emília. Em outro momento Ricardo e a esposa transam com intensidade enquanto que Diego e Emília dormem e há um grande espaço vazio entre os dois na cama, indicando o distanciamento do casal.

Crítica - Terapia de Risco

Resenha Crítica - Terapia de RiscoA depressão é algo bastante em voga na sociedade contemporânea, bem como o debate acerca de seus diferentes tratamentos e o possível risco das drogas antidepressivas e outros remédios psicotrópicos. Essa é uma das questões abordadas por este Terapia de Risco, suspense dirigido por Steven Soderbergh que se pretende hitchcockiano.
A trama gira em torno de Emily (Rooney Mara), uma jovem que apresenta tendências suicidas e depressivas depois que seu marido Martin (Channing Tatum) sai da cadeia depois de uma pena de quatro anos por uma fraude no mercado de ações. A jovem começa a se consultar com o Dr. Banks (Jude Law) que prescreve uma droga experimental para a garota. Quando o uso do medicamento traz algumas consequências terríveis para Emily, Banks se vê na necessidade de consultar a opinião da Dra. Siebert (Catherine Zeta-Jones) para que sua carreira e sua vida não sejam destruídas.
É interessante como o filme constrói o tormento mental de Emily, usando reflexos distorcidos em espelhos e em sombras para demonstrar como ela se sente mal consigo mesma. Igualmente interessante é o símbolo da placa de saída, sempre presente nos momentos em que a personagem tenta suicídio, como se a morte fosse o único modo de encerrar seus problemas. Claro que boa parte do mérito reside também na ótima performance de Rooney Mara, que constrói uma personagem tímida e inquieta que exibe em seu olhar uma constante vulnerabilidade.
Durante o julgamento de Emily o filme traça um rico panorama nas diferentes forças envolvidas em um tratamento psiquiátrico, desde a família do paciente ao médico e às companhias farmacêuticas. A trama é madura o suficiente para construir um drama criminal sem apontar soluções fáceis ou vilões, deixando isso a cargo do público enquanto mostra como cada um desses agentes se movimentam durante o processo.

Crítica – Reino Escondido

Reino Escondido se pretende grandioso desde seu título original, que em bom português seria traduzido como épico. A palavra representa também tudo que o filme não é, sendo uma decisão bastante feliz da distribuidora nacional de não traduzir o título do filme ao pé da letra.
O filme é centrado em Maria Catarina (Mary Katherine no original), ou MC como prefere ser chamada, uma garota que volta a morar com o pai, com quem mantinha um relacionamento distante, depois da morte mãe. Acontece que seu pai é um cientista que mora no meio da floresta e é obcecado por uma teoria que diz que seres minúsculos travam uma longa e secular batalha pela sobrevivência dos ecossistemas e sua crença o tornou piada da comunidade científica. Obviamente, ele está certo e sua filha acidentalmente encontra um desses seres e acaba encolhida, tendo que participar da luta para voltar a seu tamanho normal.
A floresta é palco da luta entre os homens-folha, que lutam pelo crescimento das árvores e preservação da floresta, e os boggans, seres que dominam o crescimento de fungos e desejam apodrecer toda a vida vegetal. Ao lado dos homens-folha MC precisa proteger dos boggans um botão de flor que garantirá a sobrevivência da floresta.
Tudo no filme é bastante raso e clichê, bastam poucos segundos para entendermos tudo que precisamos saber sobre os personagens. MC é uma garota que precisa ver o mundo com através daquilo que seu pai dá importância para se reconciliar com ele. Nod é um jovem homem-folha inconsequente e egoísta que precisa aprender a trabalhar em equipe. Ronin é um guerreiro sisudo e destemido que guarda uma paixão incubada pela rainha e o vilão Mandrake é…bem…é o vilão e pronto. Até o fim do filme todos vão aprender as valiosas lições de vida que precisam aprender exatamente do modo como esperamos que aprendam, sem nunca nos surpreender ou desafiar nossas expectativas.

Crítica – Giovanni Improtta

Giovanni Improtta é um filme baseado em um personagem coadjuvante que servia de alívio cômico em uma telenovela que passou há quase dez anos (Senhora do Destino). Ou seja, é um filme que já nasce datado de um modo que nem é possível acusar a obra de ser oportunista ao criar este caça-níqueis insosso, cujo material de onde deriva o filme serviria para atrair o público e gerar uma grande receita. É provável, inclusive, que parte do público sequer lembre que o personagem já participou de uma novela.
O fiapo de roteiro do filme traz Improtta querendo sair da ilegalidade do jogo do bicho para ser dono de um cassino legalizado. Para isso precisará adular um grupo de outros grandes bicheiros conhecidos como “A Cúpula”, para que o deixem entrar no negócio, bem como outros políticos e empresários interessados na aprovação da lei de regularização de cassinos. Ao mesmo tempo, o bicheiro precisa lidar com investigações que tentam prendê-lo por suas contravenções e com sua esposa e filho.
Pela descrição até parece um roteiro movimentado, mas não é. A sensação que temos é a de um fluxo narrativo truncado, que passa de uma cena para outra como se estivéssemos vendo esquetes soltos ao invés de uma narrativa coesa. A trama caminha em banho-maria, com uma lentidão quase que novelesca(não que haja algo essencialmente errado com o formato da novela, mas sua cadência narrativa é completamente diferente e não se adequa bem ao cinema), fazendo os 100 minutos do filme parecerem bem mais. Não ajuda o fato do filme não seguir nenhuma lógica narrativa estabelecendo os personagens de um modo apenas para agirem de maneira contrária depois.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Crítica - Injustice: Gods Among Us


A equipe Netherrealm Studios já tinha tentado colocar os personagens do universo da DC Comics para estrelar um game de luta (quando ainda faziam parte da desenvolvedora Midway) com o fraco Mortal Kombat vs DC Universe. Na época a própria jogabilidade da série Mortal Kombat não se encontrava em seu melhor momento, somado a isso tínhamos o problema que o estilo dos personagens superpoderosos da DC não casava com o estilo de jogo da sanguinolenta franquia. A desenvolvedora conseguiu se reencontrar ao lançar Mortal Kombat em 2011 que devolvia a série a sua perspectiva bidimensional ao mesmo tempo que modificava e melhorava a maneira de jogar. Depois de reinventar a própria franquia, o pessoal da Netherrealm (que atualmente pertence ao grupo Warner que também possui a DC) ganhou confiança para tentar de novo e dessa vez foram muito bem sucedidos.

Injustice: Gods Among Us lembra um pouco o recente Mortal Kombat, mas a maneira de jogar é bem diferente e mais adequada aos personagens DC. Saem os botões de soco e chute e no lugar temos apenas três botões de ataque: fraco, médio e forte. O que sai com cada botão depende de cada personagem e isso permite que cada um mantenha suas próprias características sem sacrificar o modo de controlá-los. O desajeitado botão de bloqueio também é deixado de lado, substituído pelo direcional para trás, igual à série Street Fighter. Além disso há mais um botão destinado para aquilo que o game chama de “truque de personagem” dando a cada lutador opções estratégicas únicas.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Crítica – Em Transe

Resenha  Em TranseHá um chavão na crítica de que quando um texto foca seus elogios na iluminação de um filme, provavelmente a obra é uma porcaria e o redator está apenas tentando lhe conferir alguma dignidade. Não é o caso deste Em Transe, mas a verdade é que os componentes estéticos do filme são seu principal mérito já que a narrativa é bastante frouxa e problemática.
O virtuosismo visual do diretor Danny Boyle não é novidade para aqueles habituados com sua obra, mesmo filmes considerados como “menores” como A Praia (2000) e Sunshine: Alerta Solar (2007) constituem composições plásticas e experiências sensoriais incrivelmente interessantes.
Em Transe conta a história de Simon (James McAvoy), um leiloeiro que ajuda um grupo de assaltantes a roubar um valioso quadro de sua casa de leilões para poder pagar dívidas de jogo. O problema é que Simon esconde o quadro e durante o assalto é atingido na cabeça esquecendo onde guardou a valiosa pintura. O líder dos assaltantes, Franck (Vincent Cassel), resolve recorrer a uma terapia de hipnose para fazer Simon recobrar a memória e para isso contrata a terapeuta Elizabeth Lamb (Rosario Dawson). A partir daí começa uma viagem hipnótica pelo subconsciente, onde nada é exatamente o que parece.
O filme usa diferentes recursos da linguagem cinematográfica para dar origem ao universo idílico de delírio hipnótico vivenciado pelos personagens. A iluminação incide forte e exagerada sobre os atores, distorcendo seus contornos e formas conferindo esse aspecto de algo fruto da nossa mente. Além disso, usa um excesso de filtros e superfícies espelhadas para gerar reflexos e flares de luz que dão às imagens uma sensação de hiper-realismo. A isso se soma o uso de uma paleta dominada por cores fortes e tons de neon que contribuem para essa impressão de estarmos diante de uma realidade delirante e amplificada.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Crítica – A Morte do Demônio

O filme Evil Dead: A Morte do Demônio (1981) é um clássico do terrortrash da década de 80, assim como suas duas sequências que lançaram ao estrelato o diretor Sam Raimi e o ator Bruce Campbell. Se tratando de um filme que já alcançou o status de cult, a notícia de um remake colocou os fãs em polvorosa, que preferiam ver uma nova continuação com Bruce Campbell retornando ao papel de Ash e sua mão de motosserra.
Felizmente o filme se mantém bem fiel à trama original, trazendo um grupo de jovens se isolando numa cabana no meio da floresta, encontrando um antigo livro de feitiços e acidentalmente invocando entidades demoníacas que trazem os mortos de volta à vida, dando início à matança e à sanguinolência desenfreada. É bem interessante, entretanto, como o filme vai cuidadosamente construindo a atmosfera de que há algo errado naquela cabana, desde a fechadura arrombada, passando pelas manchas no chão e os gatos queimados no porão.
Com todos estes indícios qualquer um poderia questionar o motivo de todos terem continuado lá, mas personagens tomando atitudes idiotas e se expondo ao perigo de forma extremamente imbecil, ignorante e desnecessária faz parte da poética do trash, assim como fazem parte também as mortes brutais, regadas a chafarizes de sangue, vômito e outras coisas igualmente nauseantes que surgem quase como punições para a incrível burrice de seus personagens.
Afinal, é pela violência absurda, normalmente beirando o hilário, que vamos ver esse tipo de filme, o prazer da apreciação não reside na expectativa de triunfo dos personagens e sim na expectativa de que eles sofram mortes incrivelmente insanas e cruéis. Assim sendo, do mesmo modo que a obra original, este A Morte do Demônio não é um filme para se esperar seriedade dramática, é uma bobagem, feita para chocar e divertir com sua violência exagerada.

Crítica - Oblivion

Review - Oblivion
O primeiro filme do diretor Joseph Kosinski, Tron: O Legado (2010), chamou a atenção apenas pelo interessante e estiloso design de produção, uma vez que todo resto era bem desinteressante. Pois nesteOblivion o diretor volta a apresentar uma obra visualmente bem conduzida, mas igualmente apática.
O longa traz a história de Jack (Tom Cruise) e Victoria (Andrea Riseborough) dois militares que vivem em uma terra devastada depois de uma guerra nuclear com alienígenas, mas destruiu a Lua e boa parte do planeta. Como a Terra se tornou inabitável, o restante da humanidade se mudou para uma estação espacial chamada Tet e iniciou a colonizar Titã, a maior das luas de Saturno. A missão de Jack e Victoria é vigiar e manter em funcionamento as usinas de fusão que recolhem a água do mar para gerar energia para as colônias humanas. Além do casal, apenas alguns sobreviventes da raça alienígena conhecida como saqueadores continua no planeta e os dois precisam proteger as usinas dos saqueadores.
Tudo isso muda quando uma misteriosa nave cai na superfície do planeta trazendo Julia (Olga Kurylenko), uma mulher que está em animação suspensa desde o início da guerra e desconhece seus resultados. A partir daí Jack passa a questionar aquilo que o cerca e inicia uma busca pela verdade. O desenvolvimento da história tem suas reviravoltas, mas nada diferente do que já foi feito em recentes filmes de ficção científica como Lunar (2009), Wall-e (2008) ou mesmo Matrix (1999) e qualquer um que tenha visto esses filmes vai ser capaz de prever as viradas da trama e reconhecer os temas e subtextos contidos no filme.

Crítica - O Acordo

Depois de aceitar receber um pacote para um amigo, o jovem Jason (Rafi Gavron) é preso e enquadrado pelas recentes leis de combate às drogas dos Estados Unidos. A lei estipula uma alta pena mínima (dez anos) para estimular os pequenos traficantes a entregarem outros de modo a obterem uma redução de sentença. Como não é de fato um traficante e não possui contatos no meio, Jason parece fadado a passar as próximas décadas na prisão. Seu pai, John (Dwayne “The Rock” Johnson), no entanto, resolve se oferecer à promotoria federal como informante em troca da libertação do filho caso suas informações levem à prisão de um grande traficante.
O filme, baseado em fatos reais, parece querer criticar a atual política de combate às drogas do governo americano que, longe de configurar uma solução definitiva e de longo prazo, cria um loop quase que infinito de pequenos traficantes acusando uns aos outros, mas que nunca chega perto dos grandes negociantes ou chefes dos cartéis de droga. A isso somam-se promotores, burocratas e políticos que estão mais preocupados com índices de condenação e popularidade entre os eleitores do que em efetivamente resolver o problema, prática personificada na promotora Keeghan (Susan Sarandon).
É interessante ver The Rock sair de sua tradicional zona de conforto de brucutus mal-encarados e invencíveis para interpretar um sujeito mais pé no chão e comum. Seu John Matthews é um sujeito desesperado e fragilizado pela situação do filho e seu sentimento de impotência ao vê-lo machucado durante uma visita à prisão é tocante. Chama atenção também o trabalho de Barry Pepper (que definitivamente merecia uma carreira melhor) como o agente Cooper, apesar do pouco tempo de tela o ator consegue colocar camadas de compassividade e preocupação genuína sob a aparência agressiva e implacável do agente federal.

Crítica – O Último Elvis

O filme argentino O Último Elvis abre com o protagonista, Carlos Gutierrez (John McInerny), subindo ao palco devidamente paramentado como Elvis Presley sob o som da música “Also Sprach Zaratustra” (imortalizada no cinema por 2001: Uma Odisseia no Espaço). A música evoca uma dimensão de grandeza épica, de algo maior que vida, uma sensação que casa perfeitamente com o eterno rei do rock, que mesmo décadas depois de sua morte atrai uma legião de seguidores e transformou sua mansão em um local de peregrinação para fãs de todo mundo. A obra do diretor Armando Bo trata justamente do fascínio que a celebridade desperta e como esse fascínio pode ser usado para distanciar as pessoas da realidade.
Gutierrez é um operário que vive uma vida sem muitas perspectivas, mora sozinho em um apartamento caindo aos pedaços, tem um emprego que detesta e mal vê a filha, Lisa Marie (Margarita Lopez), que não por acaso tem o mesmo nome da filha de Elvis. O nome da filha não é o único lugar onde transborda sua admiração pelo icônico músico, o personagem passa boa parte de seu tempo livre assistindo apresentações e entrevistas do rei do rock e toda noite come sanduiches de pasta de amendoim e banana, iguaria que era bastante apreciada pelo Elvis real.
John McInerny traz uma composição sensível e cheia de nuances, mostrando sua recusa em ser chamado pelo nome real (ele pede para ser chamado de Elvis) como um modo de negar a própria identidade e manter a ilusão de viver como o rei do rock, cuja semelhança vocal ele considera como um dom divino a ser compartilhado. Em outro momento, sua filha lhe diz que entrou para o coral da escola e ele a interrompe abruptamente dizendo “o negócio da música é muito difícil”, projetando na criança sua frustração por saber que nunca será de verdade um ídolo da música, sendo apenas um imitador que se apresenta em bingos e asilos.

Crítica – G.I Joe: Retaliação

Resenha G.I Joe: RetaliaçãoComo G.I Joe: A Origem de Cobra (2009) cometeu praticamente todos os erros que seria possível cometer com um filme de ação hoje dia com sua história que se levava mais a sério do que deveria contrastando com uma ambientação absurda e exagerada, personagens demais, ritmo truncado e cenas de ação que abusavam de uma computação gráfica demasiadamente artificial que tornava tudo chato e tedioso. Uma vez no fundo do poço, parece que o único caminho que resta é tentar subir de volta e, assim, G.I Joe: Retaliação é um filme bem melhor do que seu antecessor, abraçando sem medo os clichês e a ação despretensiosa.
O filme começa com uma breve recapitulação dos eventos do filme anterior e nos apresenta uma nova equipe de Joes liderada por Duke (Channing Tatum), composta por Roadblock (The Rock), Lady Jaye (Adrianne Palicki) e Flint (D. J. Cotrona), além do veterano ninja Snake Eyes (Ray Park) e sua aprendiz Jinx (Elodie Young). Os personagens do filme anterior que não retornam tem sua existência ignorada, não sendo citados, sendo assim o filme é ao mesmo tempo uma continuação e um recomeço para a franquia.
Os novos personagens são bacanas, principalmente o carismático The Rock que se aproveita bastante dos diálogos absurdos cheios de clichês e frases de efeito enchendo-os de humor e despretensão. Ao lado dele está o vilão Firefly (Ray Stevenson), que também constrói uma caricatura divertida com seu psicopata alucinado e piromaníaco. Igualmente bacana é a participação especial de Bruce Willis que praticamente interpreta sua própria persona cinematográfica como o general Joe.