sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Crítica – Frozen: Uma Aventura Congelante


Análise  Frozen: Uma Aventura Congelante


Review  Frozen: Uma Aventura CongelanteDepois de passar boa parte da última década dependendo da Pixar para produzir boas animações, a Disney parece ter reaprendido o “caminho das pedras” nos últimos anos com produções bacanas como Enrolados (2010) e Detona Ralph (2013) e com este Frozen: Uma Aventura Congelante consegue atingir o nível de seus clássicos mais recentes como A Bela e a Fera (1991), Aladdin (1992) e O Rei Leão (1994).
A história é baseada em uma das fábulas de Hans Christian Andersen e conta a história das irmãs Anna (Kristen Bell) e Elsa (Idina Menzel). Já na infância Elsa descobre poder manipular gelo, mas quando ela machuca sua irmã mais nova por acidente, seus pais a isolam do resto do mundo com medo que ela não consiga controlar seus poderes. Quando chega o dia de sua coroação, Elsa exibe seus poderes por acidente, deixando todos amedrontados e para não machucar seus súditos ela foge para longe, construindo para si um castelo de gelo nas montanhas, o que ela não sabe é que seus poderes deixaram o reino em um inverno perene. Assim, cabe a Anna conseguir chegar até sua torre de gelo e ajudar a irmã a reverter a situação, para tal ela conta com a ajuda do explorador Kristoff (Jonathan Groff) e do boneco de neve Olaf (Josh Gad).
O primeiro grande mérito do filme é conseguir equilibrar bem a aventura, o drama, o humor e os segmentos musicais. Temos algumas cenas de ação muito bem construídas como o momento em que Anna e Kristoff são perseguidos por lobos ou quando soldados invadem a torre de Elsa e ela é obrigada a se defender. Ao mesmo tempo, as canções são as melhores a aparecerem em um produto da Disney em muito tempo e certamente vão ficar na cabeça. As duas protagonistas são bem construídas com seus conflitos, virtudes e defeitos, além de passarem longe de serem somente princesas passivas que esperam algum príncipe encantando resgatá-las.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Crítica – Questão de Tempo

Resenha Crítica – Questão de TempoNo nosso cotidiano muitas vezes somos soterrados por tantas atividades e demandas que muitas vezes desejamos que o dia tivesse algumas horas a mais para que pudéssemos resolver tudo e ainda aproveitar nossas vidas ou então que fosse possível voltar no tempo para evitar perdermos nossas vidas com bobagens. É justamente sobre o uso do tempo e como torná-lo um aliado ao invés de inimigo que irá tratar este Questão de Tempo.
O filme centra sua trama em Tim (Domhnall Gleeson), um tímido jovem britânico que sente dificuldade em se aproximar de garotas até o dia em que seu pai (Bill Nighy) lhe conta que os homens da sua família tem o incomum poder de voltar no tempo. Assim, Tim decide usar sua habilidade para conquistar a mulher de seus sonhos, Mary (Rachel McAdams).
Se a premissa não é lá muito original, praticamente idêntica ao enredo de Feitiço do Tempo (1993) com pitadas de Efeito Borboleta (2004), o filme nos conquista e envolve pela sua sensibilidade e naturalismo (descontando o elemento fantástico da viagem no tempo, claro). Diferente da maioria das comédias românticas atuais Questão de Tempo jamais se entrega a grandes arroubos românticos com declarações de amor excessivamente encenadas e planejadas ou tampouco pesa a mão no melodrama e no sentimentalismo barato apenas para fazer o público chorar. Aqui acompanhamos a história simples e sincera de duas pessoas que se unem e tentam construir uma vida juntos e os problemas que vão surgindo entre eles e com suas famílias conforme o tempo passa, equilibrando com bastante competência o drama e a comédia.

Crítica – Ender’s Game: O Jogo do Exterminador

Há uma dicotomia interessante na guerra e no tratamento com o inimigo. Por um lado é preciso conhecê-lo ao máximo para entender seus movimentos e modos de agir para ser mais efetivo para derrotá-lo. Por outro é necessário manter a maior distância possível, transformando-o numa coisa, num ideal, numa generalização para impedir que seja criada qualquer ligação pessoal e afetiva que suscite hesitação em eliminar o inimigo. É exatamente sobre guerra e alteridade que trata este Ender’s Game: O Jogo do Exterminador.
A trama se passa no futuro quando a Terra é atacada por alienígenas insetoides conhecidos como Formics. Depois de impedir essa primeira invasão, a Frota Internacional se prepara para um possível novo ataque alienígena e treina crianças e adolescentes com capacidade mental acima da média nas complexas estratégias necessárias para entender os planos de ação dos inimigos. O principal desses recrutas é o jovem Ender (Asa Butterfield), um exímio estrategista que é considerado pelo coronel Graff (Harrison Ford) como a principal esperança em eliminar a ameaça alienígena.
Ender é um protagonista fascinante que constantemente luta contra sua própria natureza e o agressivo condicionamento mental e moral imposto por seus superiores da Frota Internacional. Assim sendo, é um jovem que tenta resolver as coisas tentando evitar conflitos ao máximo, mas não hesita em recorrer a uma violência extrema quando acuado e chega quase a matar dois colegas que tentam intimidá-lo. Nada disso, no entanto, funcionaria sem um jovem ator capaz de dar conta de um personagem com tantas facetas e felizmente o garoto Asa Butterfield, que trabalhou com Martin Scorsese em A Invenção de Hugo Cabret(2011), consegue captar todos os conflitos do protagonista e consegue carregar o filme.

Crítica – A Vida Secreta de Walter Mitty

Em tempos de redes sociais onde todos se preocupam em registrar, filmar e fotografar cada acontecimento de modo a mostrá-los aos seus amigos virtuais, acumulando curtidas e comentários, sempre me perguntei se ao fazermos isso não estaríamos deixando de efetivamente viver essas experiências. A sensação é que ficamos mais preocupados em documentar e registrar cada momento e mostrar aos outros ao invés de absorver cada momento e tentar extrair dele algo que nos acrescente, nos transforme e nos melhore sem nos limitar a transformar cada instante em apenas uma oportunidade de fotografia.
Assim sendo, é curioso me deparar com este A Vida Secreta de Walter Mitty, que trata exatamente desta relação que temos com fotografias, redes sociais e quaisquer outros dispositivos que possuímos para registrar nossas vidas e como passamos boa parte do tempo ocupados em exibir uma imagem excessivamente positiva, exagerada e irrealista de nós mesmos que efetivamente deixamos de viver e experimentar nossas próprias vidas.
A trama é centrada em Walter (Ben Stiller) um pacato arquivista de negativos de uma grande revista. Walter não tem uma vida muito empolgante, mas constantemente sonha acordado em realizar grandes feitos, engajar-se em grandes batalhas e dar o troco em seu chefe babaca (Adam Scott) pelas provocações. Em sua vida propriamente dita, ele tenta se aproximar de Cheryl (Kristen Wiig), mas o único modo que encontra para fazer isso é tentando falar com ela através de um site de pessoas em busca de relacionamentos. As coisas se complicam para ele quando o negativo de uma importante foto do melhor fotógrafo (Sean Penn) da revista é extraviado e ele precisa localizar o profissional que está constantemente viajando e conforme roda o mundo atrás do fotógrafo, Walter passa a prestar mais atenção naquilo que o cerca do que em suas próprias fantasias.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Crítica – O Hobbit: A Desolação de Smaug

Quando falei sobre O Hobbit: Uma Jornada Inesperada mencionei como estava temeroso que a opção por dividir o curto romance de J. R. R. Tolkien em três filmes poderia resultar em produtos inchados que não justificariam sua longa duração ou a opção por três filmes e é esse o principal problema deste segundo filme.
A trama continua  a acompanhar Bilbo (Martin Freeman) e a companhia de anões liderada por Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage) para chegar à Montanha Solitária e reaver o tesouro dos anões tomado pelo dragão Smaug (Benedict Cumberbatch). Enquanto isso, um velho inimigo parece ganhar cada vez mais poder e mago Gandalf (Ian McKellen) e se afasta dos companheiros para investigar o misterioso Necromante (também com a voz de Benedict Cumberbatch).
O filme não demora tanto para engrenar como seu antecessor, sendo menos lento e mais recheado de ação. O longa também se apresenta mais coeso e menos difuso ao usar a questão da ganância e cobiça como eixo temático, unindo assim os arcos dos diferentes personagens presos a um desejo a algo que não podem ou não devem ter, vemos isso na afeição proibida de Legolas (Orlando Bloom) pela elfa Tauriel (Evangeline Lily), a ligação crescente entre Bilbo e o Um Anel, a cobiça do corrupto prefeito (Stephen Fry) da Cidade do Lago e a crescente obsessão de Thorin em reaver seu tesouro, que o deixa cada vez mais teimoso e cego ao que ocorre ao seu redor, algo que poderá ser sua ruína.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Crítica – Carrie: A Estranha

Refazer um antigo sucesso é complicado. De um lado é preciso manter aquilo que tornou o filme original tão bem sucedido, por outro, torna-se necessário agregar novos elementos e abordagens, não apenas para situar a história em novos tempos, mas para trazer algo que justifique estar refazendo determinado filme, afinal se for pra ver a mesma coisa, melhor ficar em casa e assistir o original. Este novo Carrie: A Estranha, que refaz o icônico filme homônimo de 1976 dirigido por Brian De Palma (que, por sua vez era uma adaptação da obra literária de Stephen King), padece exatamente deste problema ao ser quase um fac-símile do filme do De Palma.
A trama é centrada em Carrie (Chloe Moretz) uma tímida e retraída adolescente de dezessete anos que descobre ter poderes telecinéticos. Sofrendo com a repressão de mãe (Julianne Moore) e a zombaria de suas colegas, ela se vê cada vez mais levada ao limite e a uma reação violenta.
O desenvolvimento da narrativa é bem similar à obra estrelada por Sissy Spacek e repete todos os momentos-chave do filme de 1976 sem grande novidade. Não chega a ser exatamente uma repetição completamente aborrecida, já que o filme é bastante competente em construir o clima de tensão crescente conforme vemos os planos das estudantes para humilhar Carrie enquanto a garota desenvolve cada vez mais seus poderes e mesmo eu conhecendo o original, fiquei apreensivo pelo que aconteceria quando a jovem sofresse uma humilhação que passaria dos limites.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Crítica – Crô: O Filme

As coisas não pareciam promissoras para Crô: O Filme. A tentativa anterior de emplacar um filme baseado em um personagem de novela foi o totalmente execrável Giovanni Improtta que (felizmente) passou praticamente despercebido do público. Assim sendo, foi com uma expectativa em níveis glaciais que entrei na sala de cinema para assistir a este filme e devo dizer que, embora ele não seja a hecatombe nuclear que temi que fosse, ainda assim tem muito pouco que se aproveitar aqui.
A trama coloca Crô (Marcelo Serrado) aproveitando a vida como milionário, mas sentindo falta de um propósito em sua vida. Uma noite ele sonha com sua falecida mãe (Ivete Sangalo) e tem uma revelação: deve voltar a ser mordomo. Após o anúncio público de que irá entrevistar candidatas a patroa, Crô passa a ser visitado por todo tipo de socialite exótica, inclusive a maligna Vanusa (Carolina Ferraz), uma dona de confecção que usa mão de obra escrava de imigrantes ilegais.
O primeiro problema do filme é o tom desencontrado, já que a todo o tempo parecemos ver dois filmes distintos. De um lado temos as peripécias, o escracho e o pastelão de Crô e seus funcionários tentando encontrar uma patroa, do outro lado temos as cenas na confecção com as trabalhadoras escravas que exagera a mão na tragédia e no melodrama, principalmente através de uma música pesadamente intrusiva, e parece não casar com o tom leve e despretensioso do resto filme, principalmente porque todo o segmento da confecção tem aquele tom de denuncismo barato de boa parte das produções televisivas globais que apresenta um problema de forma simplória e maniqueísta sem nunca produzir qualquer pensamento ou reflexão acerca do problema ou das variáveis que o cercam, apenas aponta e diz “isso é ruim”, como se qualquer pessoa não fosse capaz de chegar sozinha à conclusão de traficar e escravizar pessoas é uma coisa negativa.

domingo, 24 de novembro de 2013

Crítica – Batman: Arkham Origins



O game Batman: Arkham Asylum foi um marco nos jogos baseados em super-heróis, nunca um produto do gênero tinha sido tão competente em transmitir ao jogador a sensação de controlar um personagem tão cheio de habilidades e recursos como o Batman. O jogo acertava ao abordar com competência as principais abordagens ao personagem: seu lado lutador se fazia presente através de um fluido e veloz sistema de combate baseado em ataque e contra-ataque, seu lado furtivo era sentido no modo como era possível explorar o ambiente pendurando-se em gárgulas e andando sob grades no chão para pegar os inimigos de surpresa, deixando-os com medo e, além disso, seu lado investigador se fazia presente pelas pequenas investigações e análises de evidências necessárias para seguir em frente em determinados momentos.

A sequência, Batman: Arkham City, pegava todos esses elementos e os expandia, colocando o Batman em um amplo cenário aberto cheio de missões secundárias, novos movimentos e novos equipamentos, além de uma história tão competente quanto a anterior que trazia um final bombástico. Assim sendo, foi um pouco decepcionante quando foi anunciado que o próximo game do homem-morcego não contaria com o roteirista Paul Dini (responsável pelo excelente Batman: A Série Animada nos anos 90), nem iria lidar com as consequências do final de Arkham City, mas recontaria os primeiros anos do vigilante e seus primeiros encontros com super-criminosos. Mais preocupante foi o anúncio de que o novo game não seria desenvolvido pela Rocksteady, responsável pelos anteriores, mas pela novata WB Games Montreal, elevando os temores de que este terceiro game na série poderia não ter uma jogabilidade tão afiada quanto os anteriores.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Crítica – Jogos Vorazes: Em Chamas

Resenha Crítica – Jogos Vorazes: Em ChamasO primeiro Jogos Vorazes (2012), adaptação do primeiro livro da trilogia literária escrita por Suzanne Collins, era um filme correto, certinho, mas não tinha nada demais. O filme propunha um cenário interessante na qual a capital de uma nação fictícia mantinha o controle de seus distritos através da exigência de “tributos” anuais. Esses tributos consistiam de dois jovens (um garoto e uma garota) por distrito que seriam levados à capital para competir no maior evento midiático desta nação, os Jogos Vorazes, uma espécie de reality show no qual esses jovens deveriam matar uns aos outros e apenas o último sobrevivente seria o vencedor.
O filme tratava de temas como autoritarismo, controle, alienação midiática de uma forma surpreendentemente desencantada e fatalista para um blockbuster hollywoodiano, mas ainda assim tudo isso era tratado de forma relativamente superficial, como que servisse apenas de fundo para a ação. Felizmente este Jogos Vorazes: Em Chamasconsegue ir além do seu predecessor, pegando aquilo que o primeiro filme apenas propunha e dispõe destes elementos para tecer sua trama.
Neste novo filme, Katniss (Jennifer Lawrence) e Peeta (Josh Hutcherson) são obrigados pelo Presidente Snow (Donald Sutherland) a viajar em uma “turnê de vitória” após os eventos do filme anterior. Para o presidente, as ações dos dois no filme anterior foram interpretadas por muitos como um desafio ao sistema e, sob a ameaça de repressões e ataques violentos aos distritos, ele quer que convençam a todos que o amor que encenam ter é de fato real de modo a calar os revoltosos. Ao mesmo tempo, Snow e o novo organizador dos Jogos Vorazes, Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman), constroem uma estratégia para poderem eliminar Katniss através do “Massacre Quaternário”, uma espécie de edição especial dos Jogos que ocorre a cada 25 anos na qual antigos campeões são colocados mais uma vez nesta competição pela vida.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Crítica – O Conselheiro do Crime

Diferente do que o título nacional parece sugerir, o protagonista deste O Conselheiro do Crime não é um sujeito calejado nos meandros do crime organizado como o Tom Hagen (Robert Duvall) de O Poderoso Chefão(1972), tampouco é um escroque safado e escorregadio como o Saul Goodman da série Breaking Bad. Na verdade, é apenas um sujeito com pouca familiaridade com o crime e que vê no tráfico um modo de ganhar dinheiro fácil.
A trama,  escrita por Cormac McCarthy, guarda algumas semelhanças com outro trabalho baseado numa obra do escritor, o vencedor do Oscar de melhor filme Onde os Fracos Não Têm Vez (2008). Assim como no filme dos irmãos Coen vemos um sujeito envolvido em uma situação que não compreende com exatidão, mas ainda assim se julga mais esperto capaz de resolvê-la e acaba pagando um alto preço pela própria ignorância, sendo devorado em uma brutal espiral de crueldade e violência. O advogado interpretado por Michael Fassbender defende pequenos criminosos, mas não tem por si grande vivência ou experiência no mundo do crime, ele tenta faturar um dinheiro a mais investindo em uma operação de tráfico internacional que envolve o transporte de drogas pela fronteira do México e quando tudo dá terrivelmente errado, se vê sob a mira implacável dos cartéis mexicanos.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Crítica – Tabu

Com um título idêntico ao filme de 1931 dirigido por F.W Murnau e produzido por Robert Flaherty, este Tabu, do diretor português Miguel Gomes, não adota o mesmo título por mera coincidência ou apenas como uma referência. Se o filme dos anos 30 nos mostrava uma história focada na irrefreável perda da inocência, a obra de Gomes faz aqui o caminho inverso, começando com a culpa e a decadência para então retornar à inocência de outrora.
A trama acompanha Pilar (Teresa Madruga) uma lisboeta solitária que começa a se preocupar com sua vizinha Aurora (Laura Soveral) uma idosa que já parece distanciada da realidade, falando coisas sobre a África, jacarés e erros da juventude e que vive apenas na companhia de uma empregada cabo-verdiana que a trata com distanciamento. Quando a saúde de Aurora piora, Pilar decide cumprir um favor para a idosa e buscar um homem chamado Ventura (Henrique Espirito Santo) para encontrá-la e que pode esclarecer o que houve em seu passado.
O filme não pega apenas seu título do clássico de Murnau, mas também sua estrutura, a qual usa de modo inverso. Se na película de 31 o primeiro capítulo se chamava “Paraíso”, aqui começamos pelo “Paraíso Perdido”; que remete também ao romance de mesmo nome de John Milton sobre o pecado original, perda de inocência e expulsão do ser humano do paraíso, para então irmos à segunda parte do filme, agora sim intitulada “Paraíso” quando finalmente acompanhamos o passado de Aurora.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Crítica – Os Suspeitos


Resenha Os Suspeitos


Review Os SuspeitosPrimeiramente é bom esclarecer que este Os Suspeitos nada tem a ver com o filme homônimo dirigido por Bryan Singer em 1995, não sendo um remake, reboot, ou sequência. Trata-se apenas de uma coincidência na tradução das obras, que trazem títulos originais bem diferentes, respectivamente The Usual Suspects para o filme de Bryan Singer e Prisoners para este filme dirigido pelo canadense Denis Villeneuve, que já foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com o filme Incêndios (2011).
A trama gira em torno de dois casais, Keller (Hugh Jackman) e Grace (Maria Bello) e Franklin (Terence Howard) e Nancy (Viola Davis), cujas filhas desaparecem no feriado de Ação de Graças. A partir daí começa uma busca tensa liderada pelo policial Loki (Jake Gyllenhaal) para encontrar as crianças e o possível sequestrador. Quando Alex (Paul Dano), o principal suspeito, é liberado pela polícia, Keller decide resolver as coisas com as próprias mãos, enquanto o tempo passa e as chances de encontrá-las vivas vai diminuindo.
Um dos principais méritos reside no elenco uniformemente competente, desde Jackman com sua dor enfurecida e desesperada se entregando a arroubos cada vez mais brutais de violência contra Alex, passando pelo completo pavor de Howard ao ver o amigo destruindo um banheiro para intimidar o possível sequestrador e como ele fica dividido entre continuar apoiando Keller ou afastar-se daquele horror. Paul Dano também é bastante competente em retratar um sujeito com um QI patologicamente baixo, com uma fala limitada e expressão paralisada que torna difícil para os demais personagens (e o público) determinar com certeza se ele era apenas um coitado no lugar errado ou se é um psicopata altamente dissimulado.

Crítica – Kick-Ass 2

Review – Kick-Ass 2O primeiro Kick-Ass (2010) chamou a atenção por sua abordagem paródica e crítica ao gênero de super-heróis, tentando mostrar como alguém precisaria ser incrivelmente sem noção para tentar ser um combatente do crime fantasiado, além de cenas de ação recheadas de uma violência tão exagerada que parecia algo saído de um desenho animado. Pois bem, este Kick-Ass 2 pode não ter o tom crítico do filme anterior e tampouco seu frescor e inovação, mas ainda assim é uma aventura bem legal.
A trama se passa quatro anos depois do filme original e David (Aaron Taylor-Johnson) e Mindy (Chloe Grace-Moretz) tentam se readaptar à vida escolar e esquecer seus alter-egos fantasiados. Ao mesmo tempo, Chris (Christopher Mintz-Plasse), o Red Mist, viaja pelo mundo treinando e angariando seguidores para finalmente se vingar de Kick-Ass por ter matado seu pai, assumindo o nome de Motherfucker e se assumindo como o primeiro super vilão do mundo.
O desenvolvimento da narrativa é um pouco mais convencional do que o filme anterior, com o vilão descobrindo a identidade do herói e atacando aqueles próximos a ele, obrigando Kick-Ass e Hit Girl e arrebanharem seu próprio exército de heróis. Algumas coisas parecem repetidas do primeiro filme como o início com Dave treinando e depois indo para rua e apanhando de bandidos.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Crítica - Gravidade

Resenha Gravidade
O ato de respirar é algo que por vezes nos passa despercebido, é tão vital, tão importante, mas ao mesmo tempo pouco lembrado e até mesmo subestimado. Afinal é um processo físico quase automático e ninguém realmente se dá conta de quantas vezes respira ao longo do dia ou se seu corpo está recebendo a quantidade adequada de oxigênio. Pois este ato aparentemente banal é o cerne desteGravidade, novo filme do diretor mexicano Alfonso Cuarón (Filhos da Esperança, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban).
O filme é centrado nos astronautas Stone (Sandra Bullock) e Kowalsky (George Clooney) os dois estão em uma missão com um grupo de outros cientistas para realizarem reparos no telescópio Hubble. Quando uma nuvem de detritos destrói o satélite e o ônibus espacial deles, os dois astronautas são os únicos sobreviventes e precisam usar os propulsores de seus trajes para chegar na estação espacial internacional antes que o oxigênio acabe.
A direção de Cuarón é extremamente primorosa em construir o ambiente espacial como algo hostil e angustiante, criando imagens que são ao mesmo tempo carregadas de tensão e beleza. Um dos momentos mais belos é a cena em que Stone tira o uniforme pela primeira vez e a vemos no centro do quadro flutuando em posição fetal enquanto um cabo por trás dela parece ir direto ao seu ventre, quase como um cordão umbilical, a imagem parece referenciar o final de 2001:Uma Odisseia no Espaço (1968), bem como denotar o “renascimento” da personagem.

Crítica - É o Fim




Seis pessoas se encontram trancadas em uma mansão enquanto toda sorte de catástrofes como terremotos e erupções acontecem ao redor do mundo, sem saber do que se trata, eles não tem escolha senão cooperar para tentar sobreviver em um mundo que está se tornando cada vez mais hostil e sem lei. Poderia ser a premissa de um filme de terror, poderia até ser um drama existencial, mas nas mãos de Seth Rogen e Evan Goldberg, que escrevem e dirigem o filme, tudo é conduzido como uma comédia escrachada e sem noção.

A trama coloca o ator Jay Baruchel chegando a Los Angeles para se encontrar com Seth Rogen depois de quase um ano sem ir para a cidade. Reunidos, decidem ir a uma festa na casa de James Franco, de quem Baruchel não gosta, que reúne um amplo contingente de celebridades, como Michael Cera e Rihanna. Lá eles presenciam pessoas sendo arrebatadas para o céu e um terremoto abre um enorme buraco em frente à mansão do ator, devorando parte dos convidados e deixando os sobreviventes ilhados lá dentro. Como podem ver, os atores interpretam a si mesmos, mas versões exageradas, caricatas e chapadas de si mesmos. Um exemplo é Michael Cera, que aparece o tempo todo cheirando cocaína e dando em cima de todas as mulheres ou Jonah Hill que aparece como um idiota deslumbrado e condescendente devido a sua indicação ao Oscar por O Homem que Mudou o Jogo (2011).

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Crítica – Tá Chovendo Hamburguer 2




O primeiro Tá Chovendo Hambuguer (2009) foi uma grata surpresa, apresentando uma aventura divertida, movimentada e que explorava com criatividade as possibilidades de sua premissa fantástica e absurda. Assim, quando uma continuação foi anunciada a questão era se o filme seria capaz de ser tão bom quanto o antecessor. A verdade é que este Tá Chovendo Hamburguer 2 não tem o frescor do filme anterior, mas ainda assim é uma aventura divertida e competente.

A trama é quase uma repetição do filme anterior. Depois dos eventos do filme anterior a cidade de Flint (Bill Hader) é evacuada para que a corporação liderada pelo cientista Chester (Will Forte), ídolo de infância de Flint, possa limpar a ilha. Entretanto, as coisas não saem como o esperado, pois a máquina de Flint continua a funcionar, criando temíveis animais de comida, cabe então ao inventor e seus amigos retornarem ao que restou de sua cidade natal e pararem a máquina de uma vez por todas.
É basicamente a mesma coisa do filme anterior, até mesmo o conflito entre Flint e o pai (James Caan) é reutilizado aqui, mas o filme compensa a repetição da premissa com o carisma de seus personagens, um ótimo timing cômico e a criatividade em explorar todo o tipo de criatura e ambiente bizarro que a premissa do filme permite criar.

Crítica – Obsessão

As questões de preconceito e desigualdade social são caras ao diretor Lee Daniels, ele deixou isso claro no trágico Preciosa (2009) e volta a todas essas temáticas neste Obsessão, adaptação do romance The Paperboy (título original do longa) escrito por Pete Dexter. A diferença é que aqui esses temas são diluídos por um tratamento superficial e uma trama bastante difusa e não fossem as performances sólidas de seu elenco, o filme certamente descambaria para um melodrama frouxo e banal.

O filme começa com a governanta Anita (Macy Gray) dando uma entrevista sobre os eventos que presenciou numa casa em que trabalhava no fim dos anos sessenta e que motivaram Jack, o filho do patrão, a escrever um livro, colocando-a na dedicatória na obra. A partir daí, a obra nos mostra os eventos ocorridos em uma cidade da Flórida, quando Jack (Zac Efron) acompanhou o irmão jornalista Ward (Matthew McCounaghey) e seu colega Yardley (David Oyelowo) enquanto investigavam o caso de Hillary Van Wetter (John Cusack), que pode ser sido condenado à morte injustamente pelo assassinato de um delegado. Os dois tem a ajuda de Charlotte (Nicole Kidman) uma solteirona que seu apaixonou por Van Wetter através de um diálogo travado apenas por cartas enquanto este se encontrava preso. Ao mesmo tempo, Jack começa a se apaixonar por Charlotte, um sentimento que pode trazer problemas para todos.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Crítica – Mato Sem Cachorro

A primeira vez que vi o trailer deste Mato Sem Cachorro temi que fosse mais uma dessas comédias nacionais feitas a toque de caixa que invadem os cinemas praticamente todo fim de semana. Felizmente minhas expectativas estavam equivocadas e apesar de ter uma parcela de problemas, o filme é relativamente competente em divertir e gerar risos.

O filme conta a história de Deco (Bruno Gagliasso) e Zoé (Leandra Leal) que se conhecem pouco depois de Deco quase atropelar um cachorro. O casal leva o animal para um veterinário e depois o adota, passando a viverem os três juntos. Seria um final feliz, mas dois anos depois eles se separam e Deco se vê incapaz de sair da fossa pelo fim do relacionamento e o fato da ex-namorada ter ficado com o cachorro e já ter arranjado um novo namorado. Assim, Deco tem a “brilhante” ideia de sequestrar o cachorro.
É claro, os planos de Deco não são os melhores e muita coisa dá errado e é aí que reside boa parte da graça do filme, com o protagonista e seu primo Leléo (Danilo Gentili) tentando a todo custo manter o cão escondido enquanto Zoé procura por ele. Além de piadas mais físicas e pastelão envolvendo o cachorro que sofre de uma absurda narcolepsia, temos também constantes piadas envolvendo celebridades, incluindo aparições de famosos que não exibem reservas em ri de si mesmos, como a pequena aparição de Leandro Firmino fazendo graça de sua icônica interpretação de Zé Pequeno em Cidade de Deus (2002) e uma hilária cena em que Sandy aparece bêbada.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Crítica – Família do Bagulho

Quando uma comédia começa exibindo velhos memes de internet na tentativa de nos fazer rir, a sensação é de que o que vem pela frente não vai ser lá grande coisa, já que a melhor ideia que os realizadores tiveram para começar o filme simplesmente foi dar copiar e colar naquilo que passava no Youtube. Felizmente, no entanto, não é isso que ocorre conforme vamos avançando neste Família do Bagulho, sendo o filme razoavelmente competente e interessante na tentativa de criar situações, embora tenha sua parcela de problemas.

A trama é centrada no pequeno traficante David (Jason Sudeikis) que tem seu estoque de maconha e rendimentos da semana roubado por bandidos. Como forma de quitar a dívida, seu chefe, Brad (Ed Helms, o Stu de Se Beber, Não Case!), o obriga a ir até o México trazer um grande carregamento de erva. Para conseguir atravessar a fronteira com as drogas, David tem a ideia de alugar e um trailer e contratar uma família de mentira para posar como um turista de classe média viajando com a esposa e filhos de modo a não despertar suspeitas com as autoridades, assim contrata a stripper Rose (Jennifer Aniston) para se fazer de sua esposa, bem como o ingênuo vizinho adolescente Kenny (Will Pouter) e a jovem golpista Casey (Emma Roberts) para serem seus filhos.
 
O filme usa esses personagens para desconstruir de modo ácido e bem-humorado os mitos da família perfeita americana de classe média ao mesmo tempo em que faz graça com toda a situação de um sujeito comum e não muito inteligente envolvido com tráfico internacional. O principal mérito é o elenco que tem uma boa química em conjunto e desfia seus diálogos com grande naturalidade e um ótimo timing cômico e o mesmo pode ser dito do elenco coadjuvante, em especial a família liderada por Don (Nick Offerman, da série Parks & Recreation) que representa a esfera mais pudica da sociedade americana, em contraste com o grupo de desajustados liderados por David e as interações entre as famílias são o ponto alto do filme.

Crítica – R.I.P.D: Agentes do Além

Resenha Crítica – R.I.P.D: Agentes do AlémUm jovem, enérgico e esquentado policial se depara com algo além de sua compreensão e sem esperar acaba sendo recrutado por uma antiga e oculta agência que monitora a presença de seres de fora do nosso mundo vivendo entre nós. Para realizar seu novo trabalho conta com a ajuda de um parceiro mais velho, com anos na agência, que é durão e mal humorado. Ao longo da sua jornada irá utilizar armas esquisitas e enfrentará uma série de criaturas bizarras para salvar o mundo. Essa é a premissa MIBHomens de Preto (1997), mas é também exatamente o que acontece neste R.I.P.D: Agentes do Além, apenas substituindo os alienígenas por espíritos fugidos do inferno.
O filme acompanha o policial Nick (Ryan Reynolds) que junto com seu parceiro Hayes (Kevin Bacon) encontram misteriosas peças de ouro nas mãos de um traficante. Hayes está decido a ficar com o tesouro, mas Nick discorda e é morto pelo parceiro. Ao chegar no além é recepcionado pela supervisora (Mary Louise Parker) do R.I.P.D (Rest in Peace Department ou Departamento Descanse em Paz) a polícia da pós-vida, encarregada de ir à Terra resgatar espíritos malignos, chamados desmortos, que fugiram do julgamento eterno, que propõe que Nick use suas habilidades para servir no departamento para garantir sua vaga no paraíso. Para ensinar Nick o funcionamento de sua nova vida (ou falta dela) ele é posto para trabalhar com Roy (Jeff Bridges) um xerife do velho oeste que serve como agente do além desde sua morte, no século 19.

domingo, 22 de setembro de 2013

Crítica - Rayman Legends


De um tempo para cá a indústria de videogames para ter redescoberto ou relembrado dos jogos de plataforma bidimensionais que fizeram grande sucesso no final dos anos 80 e boa parte dos 90, como os New Super Mario Bros ou jogos independentes como Braid, Super Meat Boy e Guacamelee. Este Rayman Legends é mais um ótimo exemplar do gênero e mostra como ainda há muitas possibilidades a serem exploradas.

A história é bastante simples, depois de séculos em sono profundo, Rayman, Globox e seus aliados são acordados para impedir que criaturas sombrias destruam o mundo dos sonhos. Essa simplicidade e falta de um maior contexto narrativo acaba beneficiando o game, dando aos realizadores a oportunidade de deixar a imaginação fluir e inventar toda a sorte de situações alopradas que ajudam a progressão do jogo a ser um pouco mais imprevisível. Assim, sem mais nem menos o jogo te transforma em pato em uma determinada fase, em outra você irá diminuir e aumentar de tamanho, entre uma série de outras coisas.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Crítica – O Som ao Redor

Análise Crítica – O Som ao Redor

Review – O Som ao RedorPara mim sempre é mais difícil falar de filmes dos quais realmente gostei do que aqueles que considerei medianos ou dos que não me agradaram. Não sei exatamente o motivo, talvez o fato de uma obra ter um impacto tão grande sobre mim acaba gerando um apego afetivo que obscurece meu raciocínio ou eu perceba uma riqueza tão grande que me perco na hora de organizar a minha fala. O Som ao Redor é um destes filmes (assim como O Mestre Antes da Meia Noite) e tenho certeza de que não importa qual seja a qualidade final de meu texto, sairei invariavelmente decepcionado do meu trabalho, pois sinto que não importa o que escreva, certamente sentirei que não fiz justiça à obra, afinal não posso escrever indefinidamente e em algum momento precisarei colocar um ponto final. De todo modo, tentarei.
Dirigido pelo crítico e cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho,O Som ao Redor nos mostra o cotidiano de um bairro de classe média de Recife e como as pessoas vivem em um estado constante de tensão e medo trancafiados em seus condomínios murados e janelas gradeadas. A chegada ao bairro de um grupo de segurança particular (mas que é quase uma milícia) encabeçado pelo misterioso Clodoaldo (Irandhir Santos) promete trazer mais tranquilidade, mas também traz alguns conflitos.

Crítica – Elysium

O diretor sul-africano Neill Blomkamp surpreendeu muita gente com seu misto de ficção-científica e crítica social apresentados em Distrito 9(2009) que conseguia aliar uma narrativa inteligente e cheia de ação de um modo raramente visto (principalmente nos últimos anos) no cinemão hollywoodiano. Assim, depois do sucesso, o diretor volta a seu terreno familiar com este Elysium.
O filme se passa no ano 2154, no qual a humanidade se dividiu em dois grupos (ou talvez castas): uma minoria mais rica habita a estação espacial Elysium, vivendo com opulência e conforto em grandes mansões, com clima agradável, ar limpo e acesso a uma medicina avançadíssima que cura praticamente qualquer doença e retarda o envelhecimento. O resto da humanidade, no entanto, vive no que restou da Terra depois de ter seus recursos exauridos e seu meio-ambiente destruído, o nosso planeta se tornou uma enorme favela, com barracos improvisados por todos os lados, nenhum tipo de saneamento e acesso extremamente restrito a qualquer tipo de serviço, incluindo os de saúde. A população da Terra é considerada tão indigna que os moradores de Elysium os deixam à própria sorte, não se envolvendo em nada do que acontece e delegando a gestão do lugar a robôs.

Crítica – As Bem Armadas

Depois de mostrar que uma comédia estrelada por mulheres pode ser tão escrachada e nonsense quanto os filmes protagonizados por homens com o irregular Missão Madrinha de Casamento (2011), o diretor Paul Feig volta a adicionar estrogênio a outro gênero tipicamente dominado por homens, a comédia policial de parceiros. Basicamente este As Bem Armadas é um A Hora do Rush (1998) estrelado por mulheres, com duas parceiras improváveis e de personalidades diferentes sendo obrigadas a trabalhar em conjunto.
O filme é centrado na agente do FBI Ashburn (Sandra Bullock) que é despachada para a cidade de Boston para procurar um novo e perigoso traficante que há tempos permanece intocável. Na cidade, sua investigação acaba colidindo com a da esquentada policial Mullins (Mellissa McCarthy) e embora tenham personalidades diferentes, as duas precisam juntar esforços para encontrar o criminoso.
Sandra Bullock atua aqui no piloto automático, interpretando a mesma neurótica viciada em trabalho de boa parte das outras comédias que fez em sua carreira como A Proposta (2009) e Miss Simpatia (2000). Sobra então para McCarthy arrancar risos com sua caricata policial irlandesa, que acaba funcionando bem durante boa parte do tempo. O problema é que o filme se limita a um humor mais físico e pastelão que embora seja divertido, nunca explora o potencial das situações.
Além disso a policial Mullins por vezes toma atitudes tão absurdas que fica difícil acreditar que a personagem consiga manter sua carreira sem sofrer quaisquer tipo de represálias, mesmo quando ofende seu capitão (Thomas F. Wilson, o Biff de De Volta Para o Futuro) na frente de toda a delegacia, atira doces em sua cabeça e ainda assim nada acontece.
Outro problema é que o roteiro é bastante esquemático e clichê, as poucas reviravoltas são incrivelmente previsíveis e todos os momentos em que o filme tenta desenvolver de forma séria a relação entre as duas, acaba soando forçado e aborrecido, já que essas cenas são basicamente uma bricolagem de coisas que vimos em um monte de outros filmes, mas sem o mesmo brilho.
No final das contas, apesar de arrancar algumas boas risadas, As Bem Armadas acaba sendo demasiadamente preguiçoso e derivativo pra valer uma ida ao cinema.
Nota: 5/10

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Crítica – Rush: No Limite da Emoção

Análise Rush: No Limite da Emoção


Review Rush: No Limite da EmoçãoSeria muito fácil resumir este Rush: No Limite da Emoção como apenas sendo um filme sobre a Fórmula 1, poderia ir um pouco mais fundo e dizer que é um filme sobre a rivalidade entre dois homens, mas esta ainda seria uma declaração que não capta a essência da obra. Mais do que tudo isto, este filme é sobre a alma do esportista e aquilo que o faz seguir em frente. De antemão devo lhes dizer que sou relativamente fã de automobilismo e que já participei de competições esportivas (mas não de automobilismo), então se meu discurso soa exagerado ou demasiadamente apaixonado é porque entendo e compartilho muitas das posições dos personagens aqui retratados sobre a prática esportiva.
O filme é centrado nos pilotos James Hunt (Chris Hemsworth) e Niki Lauda (Daniel Brühl) e da rivalidade existente entre os dois que nasceu quando ainda eram pilotos novatos na Fórmula 3 e perdurou até que fossem para a Fórmula 1, culminando na espetacular disputa pelo título mundial de 1976. O primeiro grande mérito do filme é não reduzir a disputa a algo maniqueísta, evitando uma composição preguiçosa que certamente seria feita por boa parte dos cineastas e roteiristas que se debruçassem sobre o material. Digo isto porque seria muito fácil pegar a personalidade explosiva de Hunt para transformá-lo em um vilão simplista e o mesmo poderia ser feito com o discurso seco e frio de Lauda, entretanto o texto de Peter Morgan, que escreveu o ótimo Frost/Nixon (2008), nos mostra esses dois pilotos como figuras complexas, carregadas de nuances e sentimentos conflitantes.

Crítica – Aviões

Deixem-me esclarecer algo, não sou muito fã do primeiro Carros (2006) e gostei menos ainda do desnecessário Carros 2 (2010), assim foi com expectativas bem baixas que fui assistir este Aviões, filme derivado da franquia dos automóveis. Mesmo com as expectativas lá embaixo, o filme conseguiu o feito de estar abaixo delas, sendo mais formulaico, aborrecido e desinteressante do que eu esperava.
A bem verdade, nada justifica o lançamento de Aviões nas salas de cinema (e no caro 3D) ao invés de sair direto para DVD ou exibido no canal a cabo da Disney do que a ganância da casa do Mickey Mouse, já que se trata de um produto extremamente clichê e desprovido de criatividade e carisma. Se lançado no formato caseiro, funcionaria tranquilamente como uma distração pueril para os pequenos, noventa minutos para que eles ficassem quietinhos diante da TV enquanto seus pais fazem outras coisas, mas como atração de cinema não há nada que justifique pagar os caros ingressos atuais.
A trama acompanha Dusty (Dane Cook) um humilde avião do campo que passa seus dias pulverizando fertilizantes sobre colheitas, mas que sonha participar de uma famosa corrida de aviões ao redor do mundo. Em sua jornada encontrará novos amigos e aprenderá valiosas lições de vida e tudo mais que se espera de filme desse, mas para isso precisa superar seu maior temor: medo de altura. Isso mesmo, não estou brincando, o conflito principal do filme gira em torno de uma aeronave que tem medo de altura. Eu sei que é um filme infantil, mas não precisa tratar as crianças (e todos os demais) como idiotas com uma trama tão forçada e sem sentido, é inadmissível que não tenham conseguido pensar em um obstáculo ou conflito melhor. Uma solução tão preguiçosa apenas contribui para a sensação de que este é um caça-níqueis feito a toque de caixa.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Crítica – One Direction: This is Us

Não conheço praticamente nada sobre a banda One Direction. Na verdade, não fosse o uso de uma canção do grupo em vídeo que se tornou meme na internet brasileira ano passado eu provavelmente nem saberia da existência do grupo. Assim, totalmente por fora da banda, entrei temeroso para assistir este documentário, imaginando ser uma tediosa peça publicitária de uma hora e meia feita exclusivamente para promover o grupo e arrancar dinheiro dos fãs.
Estava, em parte, correto. Tal qual outros documentários recentes sobre músicos com pouco tempo de carreira, o filme é feito praticamente apenas para agregar valor à imagem dos artistas, não buscando nenhum tipo de questionamento, contestação ou entendimento mais profundo sobre o fenômeno do sucesso da banda, limitando-se a exaltar as qualidades dos músicos e das fãs do grupo. Entretanto, o filme nem chegou perto de ser tão chato quanto imaginei, na verdade é até apreciável.
Parte desse mérito, além do carisma do grupo, provavelmente vem da direção do documentarista Morgan Spurlock, que curiosamente construiu sua carreira de cineasta com filmes como Supersize Me: A Dieta do Palhaço (2004) e The Greatest Movie Ever Sold (2011), que criticavam justamente a máquina publicitária dos grandes conglomerados de comunicação que tentavam enfiar qualquer coisa goela abaixo do público. Não, não irei aqui criticá-lo por ter “se vendido” ou qualquer coisa do gênero, afinal todos temos contas a pagar, apenas acho curiosa a escolha do diretor.

Crítica – Jobs

O fundador da Apple, Steve Jobs, mudou de várias maneiras a relação que temos com aparatos tecnológicos, principalmente os computadores. Esse papel transformador na sociedade, além das muitas intrigas que envolvem sua história profissional, o tornam um candidato ideal para uma cinebiografia. Uma pena, então, que este Jobs seja tão indigno da ambição transformadora de seu objeto biografado, soando bastante esquemático, convencional e moroso.
O filme aborda a trajetória de Jobs (Ashton Kutcher) desde o momento em que decidiu largar a faculdade até o ponto em que retorna à presidência da Apple no final da década de 90. Por abordar um pedaço tão grande da vida do personagem, o filme adota aquela velha estrutura estilo “melhores momentos”, saltando entre diferentes momentos significativos da vida do personagem através de cenas que literalmente se situam a anos de distância uma da outra.
Essa opção dá um incômodo tom demasiadamente episódico ao filme, além disso impede que nos conectemos com os dramas e obstáculos do personagem, já que mal eles são estabelecidos, já são finalizados e resolvidos poucos minutos depois. Além disso o foco é quase que inteiro à Apple, deixando de lado praticamente todos os outros aspectos da vida de Jobs de lado. Assim sendo, o filme parece se contentar em apenas nos revelar os fatos já conhecidos da vida de Jobs sem nenhum interesse em mergulhar no que há por trás de suas ações ou seus conflitos internos, nesse sentido não há, então, muita razão para se ver o filme, pois se quiser souber o que factualmente aconteceu na vida de Steve Jobs basta eu ler a wikipedia.

Crítica – O Ataque

De cara é inevitável a comparação entre este O Ataque e o recente Invasão à Casa Branca que estreou no início do ano, já que ambos tratam de um ataque terrorista ao lar do presidente americano, além de uma série de outras similaridades. Entretanto, O Ataque adota uma postura muito mais despretensiosa que o filme estrelado por Gerard Butler, encarando de frente o fato de se tratar de uma bobagem.
 
A trama é praticamente uma mistura de Duro de Matar (1988) com Força Aérea Um (1997). O longa é centrado no policial do Capitólio e aspirante a membro do serviço secreto John Cale (Channing Tatum) tentando se reaproximar da filha levando-a a um passeio pela Casa Branca. Durante a visita o local é atacado por terroristas que eliminam a segurança do presidente Sawyer (Jamie Foxx), cabendo a John a responsabilidade de mantê-lo a salvo.
 
Tudo isso poderia descambar para um filme de ação formulaico e previsível (e em parte ele é), mas o fato do filme não se levar a sério acaba tornando tudo mais divertido. Os personagens desferem frases de efeito e diálogos canastrões quase que na mesma proporção que desferem tiros. Tatum e Foxx contribuem para dar carisma a personagens que seriam vazios e clichês, apresentando uma boa, divertida e natural dinâmica, lembrando os bons exemplares do cinema de ação das décadas de 80 e 90. O problema é quando o filme tentar ser dramático, recorrendo a diálogos piegas e aborrecidos que servem mais para aborrecer do que para desenvolver os personagens, além disso algumas falas beiram o ufanismo tolo e exagerado dos piores momentos de Michael Bay.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Crítica - Saints Row IV

Análise Saints Row IV


Review Saints Row IV
A franquia Saints Row começou praticamente como uma espécie de Grand Theft Auto genérico, baseando-se no mesmo ambiente aberto, disputas entre gangues e roubos de carro. Com o tempo, entretanto, GTA foi adquirindo um tom mais sério com uma narrativa mais voltada para algo que lembrava um drama criminal e assim os desenvolvedores de Saints Row viram uma ótima oportunidade de diferenciar a franquia investindo pesado no humor e na paródia. Esse espírito de galhofa, que já estava presente no hilário Saints Row The Third (2011), é elevado à enésima potência neste Saints Row IV.

Os primeiros minutos de gameplay já deixam claro o nível de loucura da trama, que se afasta totalmente da temática de gangues se enfrentando por controle e estabelece como o líder da gangue dos Saints se tornou presidente dos Estados Unidos. Meses depois o mundo é atacado por uma poderosa raça alienígena e os humanos são abduzidos e presos a uma realidade virtual no melhor estilo Matrix (1999). Dentro desse mundo virtual, uma versão estilizada da cidade de Steelport do game anterior, o jogador deve encontrar um modo para resgatar seus aliados e derrotar a ameaça alienígena. A reciclagem do cenário e dos modelos de personagem como um todo, entretanto, dá a sensação de um visual levemente datado (afinal o game anterior só tem dois anos) ao jogo.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Crítica – Cine Holliúdy

Tenho que confessar que já estava começando a perder a fé na capacidade do cinema nacional em produzir comédias, já que as recentes incursões ao gênero, como O ConcursoGiovanni Imporotta Se Puder…Dirija! (que estreia também nesta semana) se revelaram incrivelmente repetitivos, preguiçosos, completamente presos a esse formato Globo Filmes/Zorra Total, além de fundamentalmente sem graça. Assim sendo, é bom que tenha aparecido um filme como a produção cearense Cine Holliúdy para mostrar que criatividade e personalidade ainda é possível para o cinemão comercial brasileiro do gênero da comédia.
A história se passa no interior do Ceará na década de 70, período no qual a televisão apenas começava a chegar na região e com isso afastava as pessoas dos pequenos cinemas de interior. O protagonista, Francisgleydisson (Edmilson Filho) é dono de um pequeno cinema e tem a difícil missão de manter seu negócio como opção de entretenimento, mesmo que precise ele mesmo se colocar diante da tela.
O filme olha com saudosismo para uma época mais simples e ingênua onde bastava uma simples cena de luta ou um beijo romântico para envolver a audiência. Durante todo o filme os personagens falam e lamentam o gradual fim dos parques e circos itinerantes que pipocavam pelas pequenas cidades do nordeste. O cinema é visto sob este viés pueril de um gerador de sonhos, cuja principal preocupação não deveria ser efeitos especiais ou grandes astros e sim o encantamento.

Crítica – Se Puder…Dirija!

Análise Se Puder…Dirija!

Review Se Puder…Dirija!Sou fã do ator Luis Fernando Guimarães, principalmente por seu trabalho no humorístico TV Pirata, na série (e nos filmes) Os Normais e também em Minha Nada Mole Vida. Assim sendo, entrei na sala de cinema para ver este Se Puder…Dirija! com muita boa vontade e querendo realmente gostar do filme, mas nem nos meus piores pesadelos seria capaz de imaginar algo tão horrendo, estúpido, sem graça e constrangedor.
O pouco de trama que o filme tem diz respeito a João (Luis Fernando Guimarães) um manobrista de estacionamento particular e um pai relapso. Decidido a passar mais tempo com o filho, pede a esposa (Lavinia Vlasak) que o deixe com ele no dia seguinte, o problema é que João esqueceu que precisaria trabalhar. Para não quebrar a promessa e ao mesmo tempo não faltar ao trabalho, João decide “pegar emprestado” o carro de uma cliente para ir pegar o filho e voltar antes que o chefe perceba, obviamente tudo dá errado.
O filme investe em situações tão forçadas e gratuitas que é difícil achar qualquer uma delas engraçada, além disso, as cenas se alongam mais do que deveriam, passando de sem graça para aborrecidas e depois são resolvidas de um modo completamente gratuito, tornando aquilo que era sem graça e aborrecido em algo frustrante e irritante. É assim, na constante troca entre esses três estados de ânimo que o filme progride, eventualmente se transformando em um desejo quase que irrefreável de deixar a sala de cinema depois de umas duas ou três repetições deste ciclo e a quase certeza de que o filme não irá melhorar (e de fato não melhora).

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Crítica – Sem Dor, Sem Ganho

Para quem acompanha meus textos aqui, devem saber que não sou lá muito fã do diretor Michael Bay (TransformersBad Boys 2). Para mim o sujeito é a encarnação de tudo que está errado no cinema comercial americano, apostando em filmes incrivelmente inchados de efeitos especiais e explosões, sem nenhuma narrativa que sustente seus intermináveis filmes de mais de duas horas e uma direção repetitiva, cheia de cacoetes estilísticos aborrecidos e displicentes, além de um uso de câmera e montagem totalmente incompetentes no sentido de costurar uma continuidade espacial/temporal da encenação.  No entanto, devo dizer que este Sem Dor, Sem Ganho é um filme bem bacana e provavelmente é o mais competente do diretor ao lado de A Rocha (1996).
O filme é baseado na história real de Daniel Lugo (Mark Wahlberg), um fisiculturista e instrutor de academia cansado de ficar olhando ricaços fora de forma se exercitarem em na academia em que trabalha e decide tomar para si este estilo de vida. Para isto ele se alia a dois amigos, Adrian (Anthony Mackie) e Paul (Dwayne “The Rock” Johnson) para sequestrar e extorquir um rico cliente (Tony Shalhoub). Obviamente os marombeiros não são muito inteligentes e seus planos constantemente dão errado, resultando em um ótimo material para uma comédia de erros na qual as ações idiotas geram consequências absurdas e cada vez mais sem sentido. Ao mesmo tempo em que critica a cultura de ostentação e futilidades da sociedade americana, um tema que também foi tratado no recente The Bling Ring: A Gangue de Hollywood.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Crítica – Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos

A adolescência é um período marcado por uma constante sensação de inadequação, é um momento de passagem entre a infância e a vida adulta, cheio de incertezas, de momentos em que precisamos decidir quem somos, quem queremos ser e nosso lugar no mundo. Assim, não é estranho perceber que a ficção voltada para o público jovem e adolescente normalmente recorre a personagens que de repente se veem diante de mundos fantásticos, de uma realidade que outros desconhecem, normalmente com uma missão a cumprir, afinal, se eu me sinto constantemente inadequado à vida que levo, devo vir de outro universo e se constrói facilmente a identificação deste público com os heróis destas histórias.
Isto não é diferente neste Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos(baseado no livro homônimo). A história é centrada na jovem Clary Fray (Lily Collins) que começa a desenhar símbolos estranhos e ver coisas que outros não veem. Quando seres estranhos invadem sua casa e levam sua mãe, a garota se vê em um universo de anjos, demônios e outros seres fantásticos e descobre ser parte da linhagem dos “caçadores de sombra”, humanos com sangue angelical que se devotam a caçar demônios usando o poder de runas mágicas. Para reencontrar sua mãe, contará com a ajuda do caçador de sombras Jace (Jamie Campbell Bower) e Simon (Robert Sheehan), com quem desenvolve um inevitável triângulo amoroso.
A história se desenvolve de uma maneira quase que completamente igual aos filmes recentes do gênero. Clary descobre a relação de sua mãe com um antigo vilão que aparentemente está morto, mas nem tanto assim (qualquer semelhança entre Harry Potter e Voldemort é mera coincidência, ou não) e que sua mãe lhe roubara um poderoso artefato que pode mudar o equilíbrio da guerra entre caçadores e demônios. As poucas reviravoltas são bastante previsíveis, principalmente para qualquer um que tenha visto a primeira trilogia de Star Wars e a série Harry Potter.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Crítica – The Bling Ring: A Gangue de Hollywood



O culto à fama e às celebridades costumeiramente gera situações bizarras onde as pessoas tentam se aproximar de seus objetos de adoração ou alcançar a fama e o estilo de vida dos famosos. The Bling Ring: A Gangue de Hollywood é uma dessas histórias e é tão inacreditavelmente estúpida que não acreditaríamos se não tivesse, de fato, ocorrido e a diretora Sofia Coppola usa essa premissa para parodiar e questionar os valores de nossa sociedade.
A trama acompanha um grupo de jovens californianos que aspiram a fama e a ostentação das celebridades e começa a invadir as casas de grandes estrelas para roubar suas roupas e acessórios de marca. O grupo não é lá muito inteligente, já que vestem os produtos de roubo, postam fotos das invasões em redes sociais, torram todo o dinheiro que arrecadam com festas, drogas e mais roupas, além de parecer não se importar em serem pegos pelas câmeras de segurança das casas ou de terem seus roubos expostos pela mídia. Na verdade, eles parecem gostar da atenção, mesmo depois de formalmente presos e acusados. Em determinado momento um personagem diz que recebeu mais de 800 solicitações de amizade em uma rede social após ser preso e com um sorriso diz que as aceitou sem sequer olhar quem era, apenas pela satisfação de ter tanta gente interessada nele.
O destaque fica por conta de Emma Watson, que rouba a cena cada vez que aparece com sua Nicki, uma jovem incrivelmente fútil que se preocupa apenas em conhecer celebridades e vestir roupas caras. Suas falas reproduzem com exatidão o discurso vazio e autoindulgente da grande maioria das celebridades e todas as suas cenas que se passam durante o julgamento da gangue são simplesmente hilárias pela sua cara de pau e seu discurso falso e ensaiado de arrependimento.

Crítica – Percy Jackson e o Mar de Monstros

Vou ser sincero, não assisti Percy Jackson e o Ladrão de Raios (2010) e tampouco li ou folheei quaisquer dos livros escritos por Rick Riordan que baseiam esta saga, assim, minha experiência com este filme é a de novato, então se você também não é fã da série, mas tem alguma curiosidade em conferir o filme, creio que este texto será de alguma ajuda.
A trama coloca o semideus Percy (Logan Lerman) e seus amigos Annabeth (Alexandra Daddario) e Grover (Brandon T. Jackson) na busca pelo mítico Velo de Ouro para ressuscitar a árvore que protege o acampamento em que vivem e impedir que o grupo de semideuses liderado por Luke (Jake Abel) que quer trazer de volta à vida o titã Cronos e destruir o Olimpo. Para isso, os heróis e vilões precisam atravessar os perigos do Mar de Monstros, localizado no Triângulo das Bermudas.
A narrativa transcorre de forma fluida, alternando bem os momentos de ação e aventura com outros momentos de comédia e dosando bem as duas coisas, embora sem nunca sair do terreno básico e familiar da “profecia” e do “escolhido que tem que encontrar seu próprio valor”. Entretanto, é difícil espantar a sensação de que muitas vezes o roteiro simplesmente facilita demais as coisas ou insere conflitos onde não há. Isso fica claro na cena inicial do filme quando Percy deixa de vencer uma competição para “salvar” um amigo que ficou enroscado em uma corda a meio metro e altura e estava com as costas arrastando no chão, algo realmente perigoso e com risco de morte iminente, só que não. Do mesmo modo, quando eles escapam de uma prisão em um barco, o monstro que auxilia os vilões (uma mantícora, creio) está convenientemente dormindo e não acorda nem quando a pancadaria entre heróis e vilões começa.

Crítica – Gente Grande 2

Adam Sandler. Ao longo dos anos a simples menção desse nome começou a me provocar calafrios e me fazer temer pela minha própria sanidade devido ao seu currículo de obras absolutamente execráveis como Little Nicky: Um Diabo Diferente (2000), Zohan: O Agente Bom de Corte (2008), Cada um tem a Gêmea que Merece (2011) e Esse é o meu Garoto! (2012), que de tão ruim saiu direto em DVD no Brasil. Para não dizerem que possuo algum tipo de birra com o sujeito, devo dizer que gosto de alguns de seus filmes. Acho Afinado no Amor (1998) e Como se Fosse a Primeira Vez (2004) bem bacanas e Click (2006) até que é tolerável, embora seja praticamente um plágio de A Felicidade Não se Compra (1946), mas considero sua única atuação competente a comédia dramática Embriagado de Amor (2002), dirigida por Paul Thomas Anderson (O MestreMagnóliaSangue Negro).
Infelizmente este Gente Grande 2 se enquadra na primeira categoria e não na segunda, apresentando o mesmo tipo de humor preguiçoso, rasteiro e chato que caracteriza os piores momentos do comediante. A desculpa para este filme existir (me recuso a chamar de trama) é basicamente a mesma do filme anterior, Lenny (Adam Sandler), Eric (Kevin James), Kurt (Chris Rock) e Marcus (David Spade) são homens que precisam aprender a conciliar seus impulsos juvenis com suas obrigações de adultos, a diferença é que agora voltaram a morar em sua cidade natal. A partir daí o filme se fragmenta em uma infinidade de subtramas superficiais envolvendo um antigo valentão que incomodava Lenny, o desejo de sua esposa (Salma Hayek) ter outro filho, a tomada do lago local por um grupo de universitários baderneiros (liderados por Taylor Lautner e Milo Ventimiglia), além de uma infinidade de outros arcos que visam mais encher os 100 minutos de filme do que criar uma narrativa coesa.