segunda-feira, 18 de março de 2024

Crítica – Estranho Caminho

 

Análise Crítica – Estranho Caminho

Review – Estranho Caminho
Dirigido por Guto Parente, Estranho Caminho parece ser sobre a experiência da pandemia de Covid-19. Inicialmente temi que, como muitos filmes brasileiros recentes, a urgência de tratar uma crise contemporânea deixasse a produção tão presa a esse contexto que não comunicasse nada fora dele. Felizmente não é o caso e Estranho Caminho, na verdade, acaba sendo mais sobre nossa relação com a morte, usando a pandemia apenas como um pano de fundo sobre esses temas.

A trama é focada em David (Lucas Limeira), um jovem cineasta brasileiro radicado em Portugal que volta para sua cidade natal para apresentar seu longa em um festival de cinema. Quando a pandemia estoura e o lockdown é decretado no Brasil ele fica sem ter como voltar para Portugal e sem hospedagem na cidade. Sem opção, ele tenta entrar em contato com o pai, Geraldo (Carlos Francisco, do excelente Marte Um), com quem não fala há anos.

domingo, 17 de março de 2024

Crítica – Sem Coração

 

Análise Crítica – Sem Coração

Review – Sem Coração
Certos filmes te prendem não pela sua trama em si, mas pelo modo como apresentam essa trama. Sem Coração é um desses casos. Dirigido por Nara Normande e Tião, com um roteiro levemente baseado na juventude de Normande, a produção conta uma típica história de amadurecimento, despertar afetivo e perda de inocência. É um tipo de narrativa que já vimos aos montes, mas, ainda assim, conquista pela sensibilidade na construção dos arcos de seus personagens.

A narrativa se passa durante o verão de 1996 na região litorânea de Alagoas. Tamara (Maya de Vicq) está para ir para a faculdade em Brasília, então aproveita seu último verão com os amigos. Eles passam os dias na praia, em festas e entrando em imóveis vazios ou abandonados no lugar. Tamara acaba voltando a sua atenção para uma garota que seus amigos chamam de Sem Coração (Eduarda Samara) e que se mantem distante do resto da juventude do local. Tamara decide então se aproximar da garota.

sábado, 16 de março de 2024

Crítica – Eros

 

Análise Crítica – Eros

Review – Eros
Apesar de termos mais abertura para falar sobre isso, as discussões sobre sexo ainda encontram tabus nos meio social. O documentário Eros visa abrir uma conversa sobre isso, especificamente sobre o universo de motéis e o que atrai as pessoas para ir a um motel fazer sexo.

A produção retrata diferentes casais que frequentam motéis com filmagens feitas pelos próprios personagens. São imagens que retratam a experiências dessas pessoas nos motéis, conversas sobre relacionamentos, sexo ou o motivo de irem a locais como aquele com frequência e ocasionalmente até as próprias experiências sexuais dos personagens. Com casais de diferentes idades, sexualidades e fetiches, o filme tenta construir um panorama amplo da experiência das pessoas em motéis ao mesmo tempo em que busca pontos comuns.

Nesse sentido, as experiências retratadas nos fazem ver o motel como um lugar de realizar fantasias ou ter experiências que, em geral, não podemos ter em casa já que a maioria das pessoas não pode construir uma gruta artificial dentro de casa ou deixar o quarto todo equipado com artefatos de sadomasoquismo, um casal praticante de BDSM chega a comentar como seria pouco prático colocar em algum cômodo de casa os equipamentos que encontram no motel.

sexta-feira, 15 de março de 2024

Crítica – Saudade Fez Morada Aqui Dentro

 

Análise Crítica – Saudade Fez Morada Aqui Dentro

Review – Saudade Fez Morada Aqui Dentro
Histórias sobre amadurecimento e adolescência são comuns no cinema. É uma fase de transição em que o jovem começa a perceber as complexidades da vida adulta e desapegar de uma série de noções infantis sobre o mundo. Saudade Fez Morada Aqui Dentro trata exatamente sobre essa transição e o senso de certas perdas irreversíveis que vem nesse momento da vida.

A trama é centrada em Bruno (Bruno Jefferson), um adolescente de 15 anos do interior da Bahia que descobre uma doença degenerativa que o fará perder a visão. Ciente das dificuldades que virão, o garoto tenta aproveitar o tempo em que ainda consegue enxergar ao mesmo tempo em que tenta se preparar para o futuro. Ele contará com a ajuda do irmão Ronny (Ronnaldy Gomes) e da colega de escola Angela (Angela Maria).

A narrativa segue o cotidiano de Bruno enquanto ele tenta manter um senso de normalidade a despeito do risco de perder a visão a qualquer momento. Seguimos o personagem na escola, em festas, enquanto brinca com os amigos ou pratica seus desenhos, talvez a habilidade que ele mais tema perder por conta de seu problema de visão. É uma espécie de luto em vida experimentado por Bruno, já que ele ainda não perdeu a visão, mas já lida com a dor de ter que se despedir de sonhos e desejos futuros do que ele poderia ser.

quinta-feira, 14 de março de 2024

Crítica – Meninas Malvadas

 

Análise Crítica – Meninas Malvadas

Review – Meninas Malvadas
Quando foi lançado em 2004, Meninas Malvadas surpreendeu pelo seu olhar crítico sobre o universo de panelinhas adolescentes. O sucesso do filme gerou uma continuação sem o envolvimento da equipe criativa original, Meninas Malvadas 2 (2011), cujo resultado foi execrável, e também um musical da Broadway inspirado no filme de 2004. Agora a versão musical é adaptada aos cinemas e não tem muita coisa a acrescentar ao ótimo original.

A trama segue a mesma. Cady (Angourie Rice) é uma garota ingênua que cresceu educada pelos pais enquanto eles viajavam pela África em pesquisa. Quando eles voltam para os Estados Unidos Cady vai experimentar pela primeira vez um colégio comum. Lá faz amizade com os excluídos Janis (Auli’i Cravalho) e Damian (Jaquel Spivey), mas também chama a atenção do grupo de garotas populares liderados por Regina George (Reneé Rapp) e logo aprende como o colégio não é muito diferente de uma selva.

quarta-feira, 13 de março de 2024

Crítica – Donzela

 

Análise Crítica – Donzela

Review – Donzela
Abrindo com um diálogo que diz algo tipo “existem muitas histórias sobre cavaleiros salvando donzelas em perigo, essa não é uma delas” faz parecer que Donzela, produção original da Netflix, tem algo de bastante subversivo. O problema é que o filme não faz nada de interessante com essa ideia e ou que já tenha sido feito melhor por outros filmes com protagonistas femininas.

A trama é protagonizada por Elodie (Millie Bobby Brown), uma princesa de um reino que está definhando e é convencida pelo pai, lorde Bayford (Ray Winstone), e pela madrasta, Lady Bayford (Angela Bassett), a se casar com um príncipe de um próspero reino distante para salvar o seu próprio. Chegando lá se encanta pela beleza do local e como é recebida pela rainha Isabelle (Robin Wright) e o príncipe Henry (Nick Robinson). No casamento, porém, ela descobre que tudo não passa de uma farsa e um ritual para sacrificá-la a um dragão que habita o reino muito antes dos humanos chegarem. Sozinha no covil do dragão, Elodie precisa encontrar um jeito de sobreviver.

terça-feira, 12 de março de 2024

Crítica – Ricky Stanicky

 

Análise Crítica – Ricky Stanicky

Review – Ricky Stanicky
Quando comecei a assistir Ricky Stanicky senti nele um clima de comédias besteirol dos anos 90 e início dos anos 2000 com tudo de bom e de ruim que isso carrega. A trama conta a história de três amigos de infância que, após uma tentativa de pregar uma peça dar errado, inventam provas de que tudo foi causado por um garoto inexistente chamado Ricky Stanicky. Ao longo de suas vidas, Dean (Zac Efron), JT (Andrew Santino) e Wes (Jermaine Fowler) usam esse amigo imaginário como desculpa para fugir de problemas.

Quando JT perde o parto do filho para ir a um show com os amigos sob o pretexto de irem visitar um Ricky doente, a esposa dele exige conhecer esse amado amigo de infância de quem sempre ouviu falar, mas nunca viu. Sem querer admitir a mentira, o trio contrata Rod (John Cena), um ator alcoólatra e fracassado, para se passar por Ricky durante o bris do filho de JT. O problema é que “Ricky” conquista todos com seu carisma e é convencido a ficar mais tempo pela família e amigos do trio principal, causando uma série de problemas para eles e pondo em risco a mentira de anos.

segunda-feira, 11 de março de 2024

Crítica – As Five: Terceira Temporada

 

Análise Crítica – As Five: Terceira Temporada

Resenha Crítica – As Five: Terceira Temporada
Depois de uma ótima primeira temporada, As Five entregou um segundo ano que parecia mais interessado em emular a série Girls, deixando um pouco a desejar. Essa terceira e última temporada mantem esse clima de querer soar como uma série gringa, mas o principal problema é que não encontra tramas interessantes para boa parte de suas personagens.

Lica (Manoela Aliperti) repete o mesmo arco de imaturidade e dependência financeira da mãe das outras temporadas. A impressão é que a personagem caminha em círculos sem ir para lugar algum. O arco dela poderia ter sido sobre ela construindo seu próprio portal depois de viralizar com a reportagem sobre Ellen (Heslaine Vieira) na temporada anterior, no entanto a série prefere requentar os mesmos conflitos de antes. Sim, a trama dá um motivo do porquê, apesar de tudo o portal de Lica não deslanchou, mas não é lá muito convincente.

Conheçam os vencedores do Oscar 2024

 

2024 Oscar Winners

A cerimônia do Oscar aconteceu ontem, 10 de março, e sagrou Oppenheimer como seu principal vencedor levando sete das treze estatuetas para qual foi indicado, incluindo melhor filme e melhor diretor. Apresentada por Jimmy Kimmel, a premiação não teve muitas surpresas, com os vencedores sendo os mesmos que vinham vencendo nas mesmas categorias em outras premiações. Ao menos o horário mais cedo da premiação não a fez se estender madrugada adentro como em outros anos. Além de Oppenheimer, Pobres Criaturas venceu quatro Oscars e Zona de Interesse levou dois. Por outro lado, Assassinos da Lua das Flores saiu sem nada apesar de ter recebido dez indicações.

Confiram abaixo a lista completa de indicados com vencedores em destaque.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Rapsódias Revisitadas – A Entrevista

 

Análise – A Entrevista

Resenha - A Entrevista
Lançado em 1966 e dirigido por Helena Solberg, o curta documental A Entrevista se estrutura ao redor de várias conversas de mulheres de classe média alta, com idades variando entre 19 e 27 anos. Essas mulheres falam de dilemas caros à época, como o papel da mulher na sociedade, entre o que se espera delas e o pensamento ainda em construção sobre sexo, casamento, virgindade, formação profissional, emancipação e outros temas do cotidiano feminino da época.

As vozes dessas mulheres estão fora de quadro, já que elas não quiseram mostrar seus rostos ou nomes no filme. Uma decisão compreensível considerando que em 1966 mulheres falando de sexo ou o desejo de uma carreira eram temas relativamente tabu e serem vistas conversando sobre isso poderia afetar a reputação das entrevistadas. Enquanto ouvimos essas entrevistas, o filme nos mostra fotografias de diferentes mulheres e imagens de uma mulher se preparando para seu casamento. A noiva é a cunhada da diretora, Glória Solberg, e é a única entrevista com som sincrônico, em que vemos a pessoa que está falando.